Arquivo

Câmara da Guarda pode perder um milhão do Interreg

Futura Biblioteca Eduardo Lourenço tem que ficar pronta em Dezembro para garantir apoios comunitários

A Câmara da Guarda pode perder uma comparticipação de cerca de um milhão de euros do Interreg se não concluir a futura Biblioteca Eduardo Lourenço até Dezembro. A situação foi confirmada na última reunião do executivo, na semana passada, após o vereador social-democrata João Bandurra ter interpelado o vice-presidente sobre o andamento dos trabalhos. Vergílio Bento recordou os contratempos da empreitada, que esteve parada no ano passado devido à falência do empreiteiro, e admitiu que «ninguém sabe se vai estar pronta no final do ano». A corrida contra o tempo já começou.

Este equipamento é o último que falta para concretizar a ideia da Guarda como cidade de Cultura, a par do TMG e do Centro de Estudos Ibéricos. Começou a ser construído em 2003 na Quinta do Alarcão, a dois passos do centro da cidade, e Maria do Carmo Borges contava inaugurá-lo no Dia da Cidade em 2004. No entanto, o primeiro construtor faliu nesse ano, deixando a obra na fase das paredes. Seguiram-se 12 meses de procedimentos burocráticos para abrir novo concurso e entregar os trabalhos a outro empreiteiro, o que aconteceu no final de 2005. Nesta altura, as obras já recomeçaram e com ordem para avançarem o mais depressa possível. «O empreiteiro sabe o que se passa e esperamos que haja capacidade para construir este equipamento no tempo exigido», disse o vice-presidente, que revelou que a Câmara conseguiu adiar por um ano o fim das verbas do Interreg destinadas ao projecto. «Esses apoios terminaram em Dezembro passado, mas, excepcionalmente, foi-nos concedido um novo prazo para aplicarmos o que falta gastar naquele programa comunitário», indicou. Apesar das explicações, quem duvida que a biblioteca fique pronta a tempo é João Bandurra: «Disseram-nos que haverá penalizações se o empreiteiro não cumprir os prazos, mas receio que seja um pouco difícil terminar a obra até Dezembro», afirmou, lembrando que o espaço do CEI, ali ao lado, ficará «esvaziado de funcionalidade» sem a biblioteca.

A Biblioteca Eduardo Lourenço é um projecto ambicioso, pois está orçado em mais de 1,7 milhões de euros. O edifício apresenta-se em dois pisos, ficando o primeiro reservado aos mais pequenos, com uma zona de leitura informal em recanto com sofás. Está também prevista uma sala polivalente para acolher debates, colóquios, projecções e exposições. No segundo andar irão funcionar áreas de trabalho, o sector técnico-administrativo e a secção de adultos, subdividida em espaços de consulta de periódicos; auto-formação e aprendizagem à distância, zona equipada com computadores; consulta local, com 32 lugares sentados, seis dos quais com equipamento multimedia; e audiovisuais, com nove lugares para três televisores. A cave receberá a secção de manutenção e restauro de documentos, bem como o depósito central. Uma das suas principais atracções vai resultar da ligação permanente, através da fibra óptica, ao enormíssimo espólio da Biblioteca das Humanidades da Universidade de Salamanca, que alberga 600 mil livros, que ficarão disponíveis a partir da Guarda. O Ministério da Cultura comparticipou o empreendimento com 600 mil euros para o projecto de arquitectura, construção do edifício, aquisição do imobiliário e equipamento, fundos documentais e informatização dos serviços.

Luis Martins

Sobre o autor

Leave a Reply