A Câmara da Guarda vai pagar 348 mil euros aos proprietários de um imóvel situado nas traseiras dos antigos Paços do Concelho para permitir a continuidade das obras de requalificação do edifício onde ficará a sede da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE).
O assunto foi abordado na última reunião do executivo, realizada na segunda-feira, após o município ter chegado a acordo com os donos [Carlos Alberto Marcos, Manuel Joaquim Rito e José Marco] que tinham interposto uma providência cautelar para travar o avanço dos trabalhos na sua propriedade. Inicialmente, os proprietários reclamavam 400 mil euros pelo espaço, tendo a autarquia proposto cerca de 326 mil euros com base numa avaliação do imóvel. Com a ação já a decorrer em tribunal, as partes chegaram a acordo por 348 mil euros. Contudo, esta proposta de aquisição mereceu críticas da oposição e acabou por não ser votada. «É muito dinheiro por meia dúzia de metros quadrados», afirmou Joaquim Carreira aos jornalistas no final da sessão, acrescentando que «aquele valor significa que a Câmara vai pagar cerca de 600 euros o metro quadrado, o que é um valor excessivo».
Pelas contas do vereador socialista, se esta compra se concretizar, a criação da sede da CIMBSE vai custar «mais de um milhão de euros, o que é muito dinheiro». Joaquim Carreira adiantou que os eleitos do PS não quiseram votar este ponto da ordem do dia porque o assunto «não estava devidamente instruído, faltava, nomeadamente, informação sobre a área em causa e não estava também devidamente justificado». Por outro lado, a compra não tem atualmente enquadramento no Orçamento da Câmara. «Comprar para deitar tudo abaixo não faz sentido», considerou o socialista, alertando que a sua preocupação é «evitar a especulação». De resto, o eleito lembrou que a oposição sempre sugeriu que fossem adquiridos edifícios no centro histórico de forma «a contribuir para regeneração urbana e a revitalização desta zona da cidade».
Na resposta, Álvaro Amaro justificou que o assunto não foi votado porque «não tinha que o ser». Segundo o presidente da Câmara, a inclusão deste ponto na agenda de trabalhos destinou-se apenas «a dar uma informação e uma explicação aos vereadores e também para ouvir a sua opinião». O edil assumiu ainda que esta aquisição só poderá ser feita «aquando da próxima revisão orçamental», que será levada à próxima reunião de Câmara e Assembleia Municipal. «Esta compra só voltará à reunião de Câmara daqui a um mês», acrescentou Álvaro Amaro, que deixou um aviso à oposição: «Façam o que fizerem, nós vamos comprar porque é um bom acordo», disse o autarca, estranhando que, «agora, o PS já é contra a compra de edifícios no centro histórico».
Adiada escultura para rotunda da Dorna
A deliberação sobre a ornamentação da rotunda da Dorna, na Guarda, foi revogada pelo executivo. Há quinze dias, maioria e oposição divergiram porque no documento levado à sessão constava a preparação do espaço para receber uma escultura «já encomendada antes de ser aprovada», considerou na altura Joaquim Carreira.
A referida obra de arte tinha um custo previsto de 29 mil euros, mais IVA. «Não tive problema em revogar esta deliberação, pois o que importa é encontrar a melhor solução para aquele local», disse Álvaro Amaro. Por sua vez, o vereador socialista adiantou aos jornalistas que o objetivo é «encontrar uma solução distinta para a ornamentação da rotunda do ponto de vista estético e dos custos». Recorde-se que a segunda fase da requalificação da rotunda da Dorna tem custo previsto de 98,5 mil euros, mais IVA.
Luis Martins
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