A venda do Hotel Turismo não incluiu cláusulas de reversão ou de indemnização para o município caso o Turismo de Portugal não concretizasse o projeto da escola de hotelaria anunciado e a requalificação do imóvel, numa intervenção orçada em mais de 12 milhões de euros. A situação foi confirmada por Virgílio Bento no final da reunião de Câmara da passada segunda-feira.
«O hotel foi pago, é do Turismo de Portugal, que deve assumir os compromissos que acordou com a Câmara da Guarda e concretizar o projeto», declarou o vice-presidente da autarquia, que presidiu à sessão na ausência de Joaquim Valente. Virgílio Bento revelou também que o município ainda não obteve resposta ao ofício enviado há quinze dias para a Secretaria de Estado do Turismo e para o Turismo de Portugal onde se pedia a confirmação da intenção de venda do emblemático edifício construído em 1947, num projeto de Vasco Regaleira, conforme noticiou O INTERIOR. «Além disso, pretendemos saber também quais as intenções do Governo relativamente ao Hotel Turismo da Guarda e solicitámos que a autarquia fosse consultada no processo da venda», acrescentou o edil em resposta a Rui Quinaz. Foi o vereador do PSD quem abordou o assunto e começou por considerar «inevitável» a venda do edifício histórico, mas porque o município «fez um mau negócio ao preterir empresários da Guarda que estavam dispostos a pagar mais e também assumiram integrar a escola de hotelaria», acusou.
Uma versão novamente negada pelo vereador Vítor Santos, segundo o qual «nenhum grupo empresarial foi preterido, nem houve proposta formal de aquisição» do hotel, que está fechado desde final de outubro de 2010. Mas Rui Quinaz espera agora que a autarquia acompanhe o processo de venda e possa até «ser parceira na escolha de investidores», ao que Virgílio Bento respondeu pedindo-lhe que «usasse os seus bons ofícios junto do Governo para conseguir que o Turismo de Portugal faça a escola de hotelaria prometida na Guarda». De resto, o também vereador insistiu que o projeto «iria para a frente se, lamentavelmente, o Governo não tivesse mudado», tendo responsabilizado o atual executivo PSD-CDS/PP de «não querer que a obra avance», pois «o dinheiro necessário vem das receitas dos jogos», acrescentou.
Bairro N. Sra. dos Remédios em obras até março
Nesta reunião, o executivo aprovou ainda a reprogramação das obras no Bairro Nossa Sra. dos Remédios, que terão que terminar «impreterivelmente» a 31 de março de 2013. Isto implica um ritmo de trabalhos «da ordem dos 150 mil euros por mês para cumprir este prazo», indicou o vice-presidente da autarquia. Caso contrário, o empreiteiro poderá ser obrigado a pagar as coimas previstas neste novo acordo. Virgílio Bento adiantou que a empreitada leva já um atraso de 271 dias, pois tem sido «mal gerida, mal executada e a empresa não pôs no terreno os recursos humanos necessários ao seu bom andamento, uma situação que mudou nas últimas semanas». O autarca reconheceu que esta situação tem «dificultado a vida aos moradores» e admitiu que o município teve «alguma responsabilidade» no que se passou, mas espera agora que o empreiteiro cumpra o acordado.
No final da sessão, Virgílio Bento reagiu ainda às declarações da diretora regional da Cultura do Centro à Rádio Altitude. Celeste Amaro disse que o futuro do TMG é «responsabilidade» da Câmara, que também criticou por não ter optado pela compra do antigo Cine-Teatro. Ora, para o vereador com o pelouro da Cultura, a responsável «não sabe do que fala, pois o TMG apenas recebeu apoios à programação no seu primeiro ano de atividade». Além disso, recordou que o município tentou comprar o Cine-Teatro, mas que «o proprietário pediu o dobro, um milhão de contos na altura». Por outro lado, Virgílio Bento revelou ter solicitado, juntamente com os responsáveis da cultura de Lisboa e Guimarães, uma reunião com o novo secretário de Estado, Jorge Barreto Xavier, para «discutir o futuro dos teatros municipais».
Na segunda-feira soube-se também que a autarquia continua à espera do parecer do Ministério da Administração Interna para instalar videovigilância no centro histórico, tendo sido rejeitada uma proposta de Rui Quinaz para que o edifício das antigas piscinas municipais, junto ao parque municipal, fosse cedido ao Grupo Desportivo das Lameirinhas para o «transformar num polidesportivo ao serviço da comunidade». A justificação foi dada por Vítor Santos, vereador com o pelouro do Desporto, segundo o qual «nenhuma coletividade ou clube precisa de instalações, além disso aquele espaço está muito degradado e só pode ser intervencionado juntamente com o estádio e o parque». Nesse sentido, lembrou que a Câmara tem projetado um novo complexo desportivo na zona das atuais piscinas municipais que será concretizado «a médio prazo e libertará área junto às Lameirinhas para ser requalificada».
Luis Martins