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Câmara da Guarda não sabe quando recebe os 3,5 milhões pelo Hotel Turismo

Venda da unidade hoteleira vai ser apreciada na terça-feira em Assembleia Municipal

Vítor Santos não retira e nem acrescenta «uma única vírgula» ao que disse na última reunião de Câmara, onde afirmou não existir qualquer proposta de aquisição por parte de privados de «valor superior ou inferior» aos 3,5 milhões de euros oferecidos pelo Instituto Turismo de Portugal. O vereador rejeita esclarecer as questões levantadas por Pedro Tavares (ver entrevista nestas páginas), até porque a Câmara está «neste momento centrada na primeira fase do processo», a da venda para a criação do hotel-escola, que vai ser discutida em reunião de Assembleia Municipal na terça-feira. Para já, ainda não há projecto e nem está definido quando irá aquela entidade efectuar o pagamento.

«Na segunda fase do processo, após a realização da escritura que deverá ocorrer logo após a ratificação em Assembleia Municipal, o Turismo de Portugal avançará então com o projecto de requalificação para a instalação do hotel-escola», afirma Vítor Santos, sem avançar com qualquer data. Questionado por O INTERIOR sobre o prazo previsto para o pagamento dos 3,5 milhões de euros, este responsável diz apenas que é uma questão «a acertar também na segunda fase» e que poderá «ser feito de uma vez só ou não», já que é um assunto a ser discutido no âmbito da «gestão interna do próprio Turismo de Portugal». Aquele Instituto «vai criar o seu primeiro hotel-escola do país aqui na Guarda», congratula-se Vítor Santos, ao explicar que será semelhante à estrutura que existe no Estoril no que toca ao «modelo em que está assente a escola».

Na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril existem cursos de especialização tecnológica de nível IV, que correspondem a uma formação pós-secundária não superior, nomeadamente Pastelaria Avançada, Gestão e Produção de Cozinha, Gestão Hoteleira – Alojamento, Gestão Hoteleira – Restauração e Bebidas, Técnicas de Gestão de Turismo e Food Production – Programme in English. Nesta escola, há ainda os cursos “on the job” (nível III) de Técnicas de Cozinha/Pastelaria, Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas e ainda Técnicas de Recepção Hoteleira, vocacionados para quem está já no mercado de trabalho e possui o 11º ou 12º anos. No total, o Turismo de Portugal tem 16 escolas espalhadas por todo o país, entre as quais uma na região, a do Fundão, que também tem formação de nível IV, em Gestão Hoteleira – Alojamento e Gestão Hoteleira – Restauração e Bebidas. Na Guarda, deverão ser ministrados cursos semelhantes aos que existem no Estoril e no Fundão.

Segundo Vítor Santos, a Sociedade Hotel Turismo (responsável pela gestão do hotel) – da qual já chegou a fazer parte o Instituto de Turismo de Portugal e que tem agora como única accionista a Câmara –, «será dissolvida a seu tempo» e, sem adiantar mais pormenores, assegura que os 23 trabalhadores «não sairão prejudicados». De acordo com certidão exarada pela Conservatória do Registo Predial da Guarda, esta sociedade por quotas, com capital social a rondar os 254 mil euros, adquiriu o hotel em Outubro de 2007 à Câmara, sendo que, na altura, o valor tributável (como se pode ler na mesma certidão) era superior a 4,1 milhões de euros. Antes, foi explorado pela Predial Termas. Inaugurado em 1940, o Hotel de Turismo da Guarda foi projectado por Vasco Regaleira e tem uma área bruta edificada de cerca de 13 mil metros quadrados, distribuídos por cinco pisos, e ainda uma área descoberta de mais de 1.400 metros quadrados, a zona da piscina, actualmente desactivada. A unidade tem 100 quartos e duas suites, mas só 59 são utilizados. O INTERIOR tentou insistentemente ouvir também o presidente da Câmara, Joaquim Valente, mas sem sucesso.

Em 2007 o imóvel tinha avaliação fiscal de 4,1 milhões de euros

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