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Câmara da Guarda com orçamento de 38,4 milhões

Uma das prioridades de Álvaro Amaro é tornar «gerível» dívida da ordem dos 75 milhões

A Câmara da Guarda aprovou na segunda-feira, com a abstenção dos dois vereadores socialistas, o Plano e Orçamento para 2014 no valor de 38,4 milhões de euros, um montante que contempla uma redução de 13,4 milhões em relação à verba deste ano.

Álvaro Amaro advertiu que o município «não tem capacidade nem mecanismos para solver a sua situação financeira», cuja dívida é da ordem dos 75 milhões de euros, até porque «os credores não são instituições de solidariedade». O presidente da Câmara da Guarda salientou que está a ser feito «um trabalho de trapézio», uma vez que a autarquia está a negociar com os credores «sem ter dinheiro para pagar de imediato». A estratégia passa por «não pagar nem mais um euro de juros aos credores» e pedir aos bancos que alarguem o prazo de pagamento por mais três anos, sendo que, «se nada fosse feito, seria nossa obrigação pagarmos só em 2014, com amortizações e juros o valor de 5,7 milhões de euros resultante da contratação de 33 empréstimos». Na discussão propriamente dita do Plano e Orçamento, o edil criticou a oposição por ter sabido «primeiro pela comunicação social» e só depois pelos próprios vereadores das 17 propostas que os socialistas gostariam de ver incluídas no documento (ver edição de O INTERIOR de 19 de dezembro).

Ainda assim, Álvaro Amaro considerou que «praticamente todas as propostas» socialistas «estão contempladas», daí considerar que não haveria motivos para a oposição não votar favoravelmente os documentos previsionais para 2014. Contudo, o edil criticou uma proposta em particular, a da “Estrada Verde”, que, na sua opinião, surge na linha do «irrealismo que caraterizou o executivo socialista durante 37 anos» na Guarda. Álvaro Amaro realçou que o Plano e Orçamento é marcado pelo «realismo» e que o «orgulha por ora», tendo como base um «intenso trabalho técnico» no sentido de tornar a «dívida gerível». Disse ainda que espera ir «revendo» o documento para obter «taxas de execução mais consentâneas». No final da reunião, aos jornalistas, o presidente assumiu que este é um orçamento «difícil», mas que não foi eleito «para chorar sobre o leite derramado», nem para ser «choramingas» ou «queixinhas», embora assuma que a dívida de 75 milhões é um valor «preocupante».

Por sua vez, José Igreja congratulou-se porque, em seu entender, Álvaro Amaro considerou as propostas socialistas «muito racionais porque não tinham expressão orçamental». Os eleitos da oposição optaram pela abstenção porque, «se fossemos nós, faríamos de forma diferente», justificou José Igreja, para quem este é um orçamento «de contenção, sem investimento e que, basicamente, tem de tratar da despesa que é relacionada com o funcionamento da Câmara, mas também não é um orçamento contra as pessoas da Guarda nem contra aquilo que se esperava neste momento». O Plano e Orçamento para 2014 vão ser discutidos na Assembleia Municipal de segunda-feira. A sugestão dos socialistas da PLIE passar a ter uma gestão profissional foi um dos temas que gerou maior discussão porque Álvaro Amaro entende que, «primeiro, temos que resolver juridicamente o que fazer», sendo que «tem que haver a dissolução ou insolvência» da sociedade que gere a Plataforma Logística. Uma certeza é que o preço do metro quadrado vai baixar.

Em termos de requalificação urbana, as principais obras previstas para o próximo ano são a Rotunda do Bairro da Luz e zona envolvente, a instalação de um relvado sintético no Complexo Desportivo do Zambito, a revitalização do mercado municipal, colocando todos os comerciantes no mesmo piso e o Parque de Estacionamento TIR na PLIE.

Câmara da Guarda já não vai adquirir edifício da Escola Profissional

Outro dos pontos da ordem de trabalhos foi a resolução do contrato de compra e venda do edifício do “Bacalhau”, onde funciona a Escola Profissional da cidade, gerida pela Ensiguarda. Álvaro Amaro considera que o contrato era «leonino», tendo em conta que após a renda no primeiro ano ter sido de dois mil euros por mês, a autarquia se comprometia a adquirir o edifício. Caso contrário, passava a pagar 25 mil euros de renda por mês. O edil classifica esta situação de «imbróglio jurídico», relembrando que a Câmara «não exerceu o direito de compra», tendo já pago 70 mil euros de rendas e feito obras no imóvel no valor de 400 mil euros. «A partir de janeiro nós resolvemos o contrato, não queremos mais», assume, isto sem prejuízo do «reconhecimento da importância estratégica do ensino profissional para a Guarda». Os vereadores do PS votaram contra neste ponto por terem «receio que esta posição possa levar a Ensiguarda “ao charco”» e «dado o investimento já feito, a Câmara deveria renegociar este bem de um modo diferente», frisou José Igreja. Na resposta, Álvaro Amaro frisou que não considera «perdidos os quase 500 mil euros» e que, pelo contrário, os vê como «um investimento que a Câmara fez» e realçou estar «disponível para perder esse dinheiro a bem do ensino profissional», até porque garantiu não ter «dinheiro para comprar o edifício para depois o arrendar ou ceder à Ensiguarda».

António Ruas escolhido para secretário executivo da CIM Beiras e Serra da Estrela

António Ruas, ex-presidente da Câmara de Pinhel eleito em listas do PSD, foi escolhido para secretário executivo da Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela. A decisão foi tomada na manhã de ontem, na Guarda, onde reuniram os autarcas dos 15 concelhos constituintes desta entidade supramunicipal. Como primeiro secretário foi nomeado Jorge Brito, ex-vereador socialista na Câmara de Seia. À tarde, na reunião de Câmara do executivo, Álvaro Amaro adiantou que tem «duas situações em mente» para albergarem a sede da CIM, sendo certo que «não será na Câmara, por uma questão de coerência».

Ricardo Cordeiro Autarquia está a negociar com os credores «sem ter dinheiro para pagar de imediato»

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