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Câmara da Covilhã sem vice-presidente

Destituição de Carlos Martins não surpreende oposição, mas concelhia do PS já aprovou moção de apoio ao vice-presidente deposto

Vítor Pereira afastou Carlos Martins da vice-presidência da Câmara da Covilhã. O autarca não quer entrar em pormenores no que toca aos motivos desta decisão, mas assegura que a mesma «decorre de uma reflexão longa, ponderada e solitária» com «uma infinita paciência e tolerância».

Foi na segunda-feira, dia em que era assinado em Coimbra o pacto territorial da Comunidade Intermunicipal da Beiras e Serra da Estrela, que a “bomba” chegou às redações. A assinatura deste pacto significou para Vítor Pereira, «o culminar de uma etapa» e que por isso «era necessário alterar também a minha organização do executivo». O edil não tem dúvidas que esta foi a melhor decisão a tomar: «Fui eleito para fazer o melhor que sabia e podia em defesa dos seus interesses e esta decisão tinha que ser tomada», sublinha. Vítor Pereira assegura que esta situação se prende com questões internas e que não se relaciona com eventuais consequências do caso José Sócrates, uma vez que Carlos Martins era uma pessoa muito próxima do antigo primeiro-ministro. «Esta minha decisão nada tem a ver com a justiça, nem com o Governo», garante o presidente covilhanense a O INTERIOR.

Quem já reagiu foi Carlos Martins. que prefere não tecer comentários sobre este assunto afirmando apenas que «fui eleito na lista do PS e irei continuar em prol dos covilhanenses, como fiz até aqui». O até agora vice-presidente irá manter o cargo de vereador e, além de pelouros partilhados com Vítor Pereira (Infraestruturas, Obras e Projetos, Planeamento Estratégico, Transportes e Mobilidade e Turismo), fica também responsável pelo Ambiente, Saúde, Cemitérios, Parque Automóvel, Oficina e Trânsito. O lugar de número dois da autarquia fica agora vazio. O edil covilhanense anunciou que não vai nomear mais ninguém para o cargo, mas acrescentou que irá indicar um eleito para o substituir «pontualmente, de acordo com o mais adequado».

A oposição já comentou esta mudança e não se mostra muito surpreendida com a alteração na orgânica da maioria socialista. José Pinto, da CDU, admite que esta é uma decisão «mais do que prevista para quem assistiu às reuniões de Câmara», pois, «por várias vezes, o presidente era apanhado de surpresa pelas decisões do seu vice-presidente». O vereador adianta ainda que quando as reuniões eram presididas por Carlos Martins «apenas uma pessoa falava e perdia-se demasiado tempo com discussões». Também para o eleito pelo Movimento Acreditar Covilhã, Pedro Farromba, a retirada de funções a Carlos Martins não é «nada de surpreendente» e «determina um evidente e necessário virar de página» no seio da maioria PS eleita em setembro de 2013. Para Pedro Farromba, é agora necessário haver «mais negociações, maior discussão prévia dos assuntos, mais e melhor preparação das reuniões de Câmara».

Quem não aprovou esta decisão foi a concelhia do PS Covilhã, presidida pelo próprio Carlos Martins, que ainda na segunda-feira à noite aprovou uma moção de apoio ao seu líder que tem como objetivo a reposição das funções de vice-presidente. O texto da moção afirma-se mesmo que «se o PS ganhou a autarquia, o deve em grande parte a Carlos Martins, que sempre que foi candidato venceu sucessivamente a maior Junta de Freguesia do concelho». O INTERIOR também contactou o antigo presidente Carlos Pinto sobre este assunto, mas o antecessor de Vítor Pereira recusou falar dizendo-se «alheado dessas coisas».

Covilhã pode voltar à AMCB

Depois de dois processos em tribunal da Associação de Municípios Cova da Beira (AMCB), contra a Câmara da Covilhã, (um já resolvido e outro ainda por resolver) que obrigariam a autarquia a pagar cerca de quatro milhões à ACMB, as duas instituições chegaram finalmente a acordo.

O processo prendia-se com o não pagamento de quotas e de contribuições que a Covilhã tinha que suportar pelo tratamento de resíduos sólidos A autarquia terá agora que pagar uma verba de dois milhões de euros, sem juros, à ACMB. O primeiro pagamento, de 500 mil euros, já chegou aos cofres da associação que pode para já anular a conta caucionada que tem mantido até aqui. Este dinheiro traz alguma «autonomia financeira» à associação presidida por José Manuel Biscaia e vem permitir pagar o funcionamento normal da instituição, bem como algumas dívidas. O presidente não esquece que alguns projetos da associação dependem de fundos «mas primeiro é necessário pagá-los e só depois chegam os apoios».

Com este acordo chega a possibilidade da Câmara da Covilhã voltar a integrar a AMCB. Este interesse foi manifestado pela autarquia covilhanense que terá agora de reunir com executivo e medir os prós e os contras. O município foi um dos fundadores desta associação de municípios e posteriormente acabou por se retirar do grupo, considerando José Manuel Biscaia que a associação ficou «desfalcada» e neste momento foi alargada à Beira Interior norte e «falta um dos pilares». O líder não tem dúvidas que caso a Covilhã volte a integrar a associação «será bom para todos».

Câmara quer de volta lotes no Parque Industrial do Tortosendo

O executivo covilhanense iniciou um processo de reversão de lotes no Parque Industrial do Tortosendo , devido à falta de cumprimento do contrato celebrado.

No total são 33 terrenos que após o prazo de construção, 10 anos, «não iniciaram atividade no tempo previsto» explica Vítor Pereira. Uma vez que continuam sem qualquer ocupação e esta era uma das cláusulas do contrato que até agora não foi cumprida, «queremos exercer os nossos direitos».

O problema está que se alguns preveem a reversão do terreno em caso de incumprimento, outros «estranhamente nada dizem». O edil covilhanense avança que há empresários que manifestaram interesse em se fixar no concelho da covilhã e por isso é necessário que o solo industrial desocupado seja aproveitado da forma correta.

Ana Eugénia Inácio Carlos Martins mantem funções de vereador eleito pelo PS

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