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Câmara credora da PLIE em 1,8 milhões

Sociedade não tem dinheiro para pagar dívida reclamada pelo principal accionista por causa das obras

A Câmara da Guarda tem a haver mais de 1,8 milhões de euros da sociedade Plataforma Logística de Iniciativa Empresarial (PLIE) e não vai abdicar dessa verba. Trata-se do montante apurado após a avaliação das mais-valias efectuadas pela autarquia nos terrenos da futura área industrial da cidade. «É uma dívida para com o único accionista que suportou a valorização daquele espaço», disse Joaquim Valente.

O relatório do Revisor Oficial de Contas foi analisado na última reunião do executivo e revela que os terrenos em causa, já urbanizados, foram avaliados em pouco mais de 2,3 milhões de euros. Mas, após as obras de infraestruturação, passaram a valer 2,8 milhões. Os 534 mil euros de diferença são o valor correspondente ao município – na proporção da sua actual participação, cerca de 37 por cento – no aumento de capital da sociedade, que será realizado através da entrega de mais de 180 mil metros quadrados de terreno. Para o presidente da Câmara e também do Conselho de Administração da PLIE, o assunto é pacífico, pois o esforço financeiro da autarquia para valorizar aquela área «é indesmentível». No entanto, a deliberação camarária é mais ameaçadora, sustentando que se deve «impor à sociedade PLIE, como condição para a entrada em espécie para aumento de capital social, que esta sociedade assuma como débito para com o município, o referido diferencial», no valor de cerca de 1,8 milhões de euros.

Apesar desta condição, Joaquim Valente não duvida que a sociedade vai cumprir «todas as suas obrigações» para com o accionista principal. Mas não será de imediato, porque a PLIE, «não estando descapitalizada, ainda só dispõe do valor referente ao capital social inicial [50 mil euros]», recorda. «Mas todos temos a certeza de que, com a actividade normal da PLIE, serão geradas receitas para que a autarquia seja ressarcida do seu esforço financeiro», acrescenta. O assunto vai ser analisado na próxima reunião do Conselho de Administração da sociedade, agendado para 5 de Março.

Ainda o Entrudo

A reunião de Câmara ficou ainda marcada por uma troca de palavras entre Virgílio Bento e José Gomes por causa do Enterro do Entrudo. Estava o vereador com o pelouro da Cultura a elogiar os participantes e organizadores do espectáculo na Guarda quando o social-democrata pediu a palavra para valorizar o evento promovido em Famalicão. «Teve um cariz mais tradicional e maior envolvência popular que na Guarda, onde a única participação dos cidadãos foi estarem ao longo das ruas e na Praça Velha a assistir a um espectáculo que lhes é debitado», disse. Para José Gomes, parece que é preciso «alimentar a estrutura montada no TMG, nem que seja necessário promover espectáculos para que seja o TMG a produzi-los e tenha, dessa forma, condições de subsistência». Nesse sentido, o social-democrata receia que se esteja «a alimentar um “monstro”, com resultados negativos a médio prazo, porque as colectividades e tudo o que é tradicional da nossa terra começa a ficar em causa».

Virgílio Bento não gostou do que ouviu e criticou o «ataque frontal e sistemático» do PSD à cultura, acusando a oposição de «desprezar» as colectividades e as pessoas que participaram na festa do Galo. Polémica à parte, o executivo aprovou ainda um voto de pesar pelo falecimento do dirigente do PCP José Manuel Costa.

Luis Martins

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