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Cadafaz consagra “cavalos romanos”

Freguesia de Celorico da Beira voltou a atrair muitos curiosos na IV Descida em Carrinhos de Rolamentos

Uns mais arcaicos, outros mais trabalhados e esteticamente mais apelativos, mas todos construídos a pensar na diversão e na adrenalina dos seus pilotos. A quarta edição da Descida em Carrinhos de Rolamentos do Cadafaz, Celorico da Beira, que teve lugar no último domingo, ficou marcada pela diversão dos participantes e pela presença de muito público. O grande vencedor do dia foi o jovem Pedro Venâncio, que, com o seu carro baptizado “cavalos romanos”, arrecadou os prémios de “carrinho mais original” e de “melhor construído”.

Ao todo foram 27 os carrinhos participantes, repartidos pelas categorias mono-lugar e bi-lugar, primeiro em sistema de contra-relógio e depois num emocionante e inovador Grande Prémio, em que todos concorreram em simultâneo, ganho por Marco Fonseca, de 19 anos, que se superiorizou a toda a concorrência ao volante do “Diogo”. O jovem, residente no Cadafaz, é um autêntico “às” dos carrinhos, uma vez que já tinha vencido a edição transacta e alcançado o pódio há dois anos atrás. Para a próxima edição assume querer «ganhar outra vez», mas talvez com outro carrinho, não que o “Diogo” não ofereça garantias, mas para «haver carros diferentes e para se mostrarem outras ideias», sublinha. Marco Fonseca conta que se atingem «grandes velocidades» nas rectas, pelo que «é preciso ter um pouco de cuidado». Rui Venâncio, da organização, assevera que a Descida em Carrinhos de Rolamentos é uma iniciativa que está a «enraizar-se cada vez mais», como o comprova o acréscimo registado no número de concorrentes: «De ano para ano, as pessoas vêm ver como é, aproveitando para “espiar” os carrinhos de rolamentos e saem daqui motivadas e com vontade de participar no ano seguinte», relata. Mas a maioria dos participantes é oriunda da freguesia ou então são descendentes de pessoas da terra. Pela primeira vez, e por causa da «conjuntura económica», a organização viu-se obrigada a «angariar alguns fundos junto dos participantes e do público em geral para colmatar as despesas da actividade», relata, explicando que grande parte dos patrocinadores ficou «sem apoios estatais e, como é evidente, já não nos puderam apoiar», completa.

Tanque vence contra-relógio

Entre os carrinhos participantes, dois destacaram-se pelo seu design: o “tanque” de guerra, que fazia a sua terceira aparição, e o “cavalos romanos”, numa estreia absoluta que arrecadou, por larga margem de diferença, a bicicleta BTT e o material de montanhismo que premiaram os carrinhos “mais original” e “melhor construído”, respectivamente. Pedro Venâncio, actualmente a residir em Nelas, mas com familiares na aldeia que acolhe esta singular iniciativa, foi o grande vencedor daquelas duas categorias, tal como tinha sucedido na edição anterior onde apresentou um “comboio”. Ao invés do que sucedeu em 2002, o “cavalos romanos” foi construído desde o princípio «a pensar em facturar» o prémio da originalidade, confessa, reconhecendo que com um carro com mais de 100 quilos «era impossível» acompanhar os outros carrinhos em termos de velocidade. Prova disso foi o último lugar no contra-relógio. Mas «imprescindível» para a obtenção dos dois troféus foi a colaboração de um “jovem” de 72 anos, que costuma trabalhar no Carnaval de Nelas e que teima em lutar contra a “Doença de Parkison”, sublinha Pedro Venâncio. Por sua vez, um outro Venâncio, desta feita o Filipe, de 28 anos, é o proprietário do tanque que ganhou o prémio para o carrinho “mais original” quando se estreou há três anos atrás. O protótipo, que venceu então por mera casualidade, já que «começámos a construir sem projecto definido, até que ganhou uma forma quadrada e depois surgiu a ideia de fazer um tanque», conta Filipe Venâncio, o piloto mais rápido no contra-relógio da categoria mono-lugar ao volante do “Arco-íris”. Apesar de saber «à partida» que havia carros mais rápidos, beneficiou de alguns «pequenos acidentes» e acabou por vencer, garantindo que por vezes se chegam a atingir «velocidades na ordem dos 60 quilómetros por hora», ainda que nas curvas seja «preciso reduzir bastante», sublinha.

Ricardo Cordeiro

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