Arquivo

«Cada vez mais temos a noção que as pessoas sabem quem somos e o que fazemos»

Cara a Cara – Isabel João Reis Pereira

P – É a presidente mais nova da história do Conselho Diretor do Rotary Club da Guarda. O que motivou essa escolha?

R – Quanto ao facto de ser presidente, a seleção é feita pelos sócios do clube, que todos os anos elegem um presidente que constitui o seu grupo de trabalho e forma o seu conselho diretor. Apesar de ser o membro mais jovem do clube, os meus companheiros entenderam que eu estava preparada para ser líder e eu aceitei. É com todo o gosto e empenho que durante este ano rotário vou desenvolver essa missão.

P – A que objetivos se propôs quando apresentou o seu programa?

R – O meu principal objetivo é, como não podia deixar de ser, o serviço à comunidade. Continuaremos, como sempre, com o Natal do Idoso, concluiremos o projeto de aquisição de um veículo para um jovem portador de deficiência motora, homenagearemos o Profissional do Ano, desta feita dedicado ao Bombeiro, e, acolhendo um desafio que nos foi lançado por uma unidade de saúde local, tentaremos ajudar uma menina que precisa de todos nós, rotários e não só. Internamente, daremos início ao processo para a criação de um clube de crianças ou jovens rotários, lembrando que para ser rotário tem que se ter a capacidade de sonhar e, para fazer Rotary, é imperativo que esses sonhos comecem por atos iniciados por cada um de nós que envolvam o próximo. Neste sentido, pretendemos também continuar a assimilar novos membros para garantir um crescimento sustentável do nosso corpo social.

P – Há algum fator que identifique como potencial comprometedor de medidas e atividades?

R – O Rotary é uma organização mundial composta por um grupo de líderes e profissionais que providenciam serviços humanitários e ajudam a cimentar a paz e a compreensão mundial. Em Rotary não nos contentamos em deixar as coisas como sempre foram, seja nos nossos clubes ou nas comunidades onde atuamos. Os 24 dentes da roda Rotária representam as 24 horas do dia, ou seja, o Rotary está sempre em movimento, nada nos fará parar. Enquanto houver homens e mulheres que vivam a nossa máxima, “Dar de Si Antes de Pensar em Si”, nada compromete as nossas medidas e atividades.

P – Qual a importância da participação dos sócios nas atividades do clube?

R – O Rotary é essencialmente uma filosofia de vida que procura conciliar o conflito entre o benefício próprio e o dever e impulso de servir os outros. Em Rotary estimulamos a participação ativa de todos os companheiros, pois vemos o companheirismo como elemento capaz de proporcionar oportunidades desse mesmo servir. Juntos fazemos a diferença. Como presidente, não mando, traço o caminho, lidero um grupo que só faz sentido num todo, composto por companheiros que são definitivamente pessoas que ajudam a construir o caminho. Idóneos, respeitados e competentes pelo que são e pela atividade que desenvolvem: acredito que os meus companheiros são dos melhores do mundo.

P – Como tem sido o “feedback” da população e das instituições do concelho?

R – O ideal rotário passa pelo serviço à comunidade e, nesse sentido, uma das iniciativas que já faz parte da nossa história – e que fala por si – é o Natal do Idoso. Neste caso, o “feedback” da população e das instituições do concelho é muito positivo. Todos querem participar e, apesar do Rotary ser um movimento discreto, cada vez mais temos a noção que as pessoas sabem quem somos e o que fazemos.

P – Como avalia o estado atual do clube rotário da Guarda? E a nível nacional?

R – O nosso clube é um grupo sólido, constituído por 20 elementos de diversos quadrantes profissionais, que desenvolve projetos de apoio à comunidade local e internacional, como é o caso da erradicação da poliomielite, que praticamente não existe graças ao movimento rotário e aos apoios que os vários clubes dão para esse efeito. A nível nacional, Lisboa foi escolhida este ano como a “mais antiga cidade da Europa Ocidental” para acolher a convenção anual do Rotary International. O encontro decorreu em junho passado no Pavilhão Atlântico sob o tema “Lisboa – Um Porto para a Paz”, onde estiveram mais de 20 mil pessoas, de cerca de 150 países, o que traduz a força Rotary no mundo.

P – Participou no agora extinto Rotaract da Guarda. O que motivou o fim desse clube de pessoas mais jovens?

R – Com todo o orgulho, ainda hoje digo que fui fundadora do Rotaract Club da Guarda. O quadro social dos Rotaract Clubs é integrado por jovens de ambos os sexos, dos 18 aos 30 anos, interessados em servir as suas comunidades, ampliar as suas amizades e contactos profissionais, fomentando o desenvolvimento de líderes. Os Rotaract Clubs são parte de um esforço global em prol da paz e compreensão mundial que se inicia nas comunidades. O Rotaract Club da Guarda terminou porque os mais velhos cresceram e não foi fácil recrutar novos elementos… Uns andam nas universidades, só estão na Guarda ao fim-de-semana e com o tempo todo preenchido, outros porque ingressaram no mundo do trabalho ou porque estão cada vez mais descrentes nos valores básicos da educação, face à situação atual do mundo em que vivemos. Enfim, temos muitos motivos para não conseguir fidelizar os jovens destas idades. Para ser rotaractista não basta um “clique”, não basta colocar um “gosto” numa página qualquer. Para ser rotaract é preciso querer “Dar de Si Antes de Pensar em Si”, é preciso sair de frente dos ecrãs e participar na realidade nua e crua. Continuo a sonhar para a Guarda o Rotaract, o Interact, o Rotary Kids… Enfim, uma cidade onde os valores de Rotary imperem e se estendam a todas as idades, em prol do desenvolvimento da nossa comunidade. Como diz o lema rotário do ano 2013/2014: “Viver Rotary, Transformar vidas”.

P – O Rotary Club da Guarda já foi contactado por pessoas com dificuldades económicas?

R – Algumas vezes. Já recolhemos e distribuímos alimentos, vestuário, calçado… A nossa missão não passa pela ajuda individualizada, mas sim coletiva, colaborando com instituições.

Isabel João Reis Pereira

Sobre o autor

Leave a Reply