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Buck the star

Bilhete Postal

Buck Angel foi, na semana pasBuck Angel foi, na semana passada, a figura principal do jornal “Público”. Buck não morreu e não escreveu nada recomendável. Buck não fez nenhuma obra intransponível, não é pioneiro de nada interessante. Buck Angel tem o corpo tatuado e um site na Internet. Um puritano que começa a sua página informando ser a única estrela pornográfica masculina com vagina. E de facto ele é destaque do “Público” e encima o canto superior direito da capa tornando-se inevitável. “Queer” é “maricas”, é gay, e outras expressões que adocicam a homossexualidade, e ele é isso tudo de modo peculiar. De facto a diferença de Buck é ser porno star, é trabalhar um corpo masculino e manter uma vagina com que nasceu e ganhou a vida como modelo (ainda mulher). Buck é sobretudo a confusão. O sexo com homens por quem tem vagina é normal, mas os músculos de homem e um pénis que não é dele é, pelo menos, irrecomendável, e Buck é homem ou é mulher? Ele diz ser homem com vagina. Buck estreia um festival “Queer” em Lisboa e isso é mais importante que o leite contaminado da China, que a descida brutal dos combustíveis, que a compra massiva de ouro, a crise da banca. Há prioridades algures que me atordoam.

Não entendo a necessidade de exibir esta diferença. Não compreendo o porquê do canto nobre do jornal e imagino milhares de broncos culturais, que se tentam exibir de qualquer modo, a trilhar este novo caminho. Esta prioridade pelos ínvios caminhos das minorias faz-me corar e afasta-nos muito das culturas mais intransigentes. Não comento o que é bem e mal, mas tenho a certeza que o Buck Angel não era o mais importante nessa terça-feira.

Por: Diogo Cabrita

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