Arquivo

Brinquedos para adultos

Automodelismo e aeromodelismo fazem as delícias de miúdos e graúdos em Maçaínhas

Os carros multicolores são preparados na “box”, a confusão de malas e ferramentas indiciam que a prova está quase a começar. Depois de preparados, os condutores colocam os seus veículos na grelha de partida e tomam os seus lugares. 1… 2… 3… Partida! «Hoje não vão querer estragar as suas máquinas porque é o primeiro treino», graceja Júlio Baía, presidente da Associação Cultural e Desportiva (ACD) “Os Beirões”, de Maçaínhas (Guarda). E como as provas do regional estão à porta, ninguém quer ficar desclassificado.

O campo de futebol da aldeia é a pista improvisada de rádiomodelismo, a única na Beira Interior. Actualmente há 12 pilotos federados a disputar o regional e cerca de 40 participantes por lazer, com idades compreendidas entre os 10 e os 70 anos, oriundos da Guarda, Castelo Branco, Viseu, Coimbra ou Leiria. Todos querem acelerar ou voar com os seus modelos e Maçaínhas está mais à mão, uma vez que a pista federada mais próxima fica em Mogadouro. Só há duas divisões no campeonato regional de automodelismo: «Nós estamos integrados no Sul», adianta o dirigente e adepto da modalidade, referindo que a competição é constituída por três provas em Leiria, Torres Novas e Beja. «Também na Guarda para o ano», espera Júlio Baía. É que depois das obras de remodelação da pista de Maçaínhas, a iniciar este mês, «vamos ficar com as melhores condições do país para a prática da modalidade, dentro da escala e da categoria: 1/8 TT», assegura. Os trabalhos contam com o apoio da autarquia, do programa LEADER + e da Junta de Freguesia local, e prevêem a construção de um bar, uma pista mais alargada, palanque para os pilotos, “boxes”, área reservada para comunicação social, entre outras. Tudo no antigo campo de futebol desactivado há alguns anos: «As balizas vão ficar para recordação», garante o responsável.

“Os Beirões” inscreveram-se na Federação Portuguesa de Aeromodelismo e na Federação Portuguesa de Modelismo Automóvel no ano passado. Mas o aeromodelismo vai ter que esperar, pois «ainda temos que treinar mais antes de levantar voo», explica Júlio Baía. Para já, está a ser dada a parte formativa, da montagem e do voo, na classe de iniciação, que são os chamados “trainers”. «Hoje, por causa do vento, não dá para levantar. Mas, o espaço tem todas as condições para grandes voos», sublinha. Os aviões desta classe podem atingir velocidades um pouco superiores aos 100 quilómetros por hora, mas os mais velozes podem ultrapassar os 400. Quanto aos preços dos brinquedos, não são «muito dispendiosos, quando comparados com modalidades como o BTT», garante o presidente da associação, lembrando que se pode ter um avião, já com comando, a partir de 400 euros ou um carro de lazer desde os 500 euros. A prática desta modalidade surgiu «por carolice» em finais de 2003, recorda Júlio Baía. Um amigo trazia um amigo e pouco depois formou-se um grupo de quase cinquenta participantes. «No início, fazíamos umas “piscinas” de uma baliza à outra e depois construímos a pista actual», continua. Entretanto, candidataram-se a um programa para uma nova pista «com tudo a que temos direito», regozija-se, não sem antes recordar que nem toda a gente gostou da ocupação do campo de futebol. «Mas agora passou a ser de novo um ponto de lazer», diz, porque as actividades desportivas e os participantes não faltam todos os domingos, salvo raras excepções.

Patrícia Correia

Sobre o autor

Leave a Reply