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Bric

Bolhete Postal

A ideia de um espaço de crescimento económico multifacetado denominado BRIC é hoje especialmente jocosa. Bric é o bricàbrac, é o bric e baque. Brasil, Rússia, Índia e China reúnem quase 3 biliões de cidadãos do mundo e são “o mercado” por excelência. O BRIC, se comprar o meu parafuso, a 2 cêntimos cada, dois por cada cidadão, produz 600 milhões de euros no meu bolso. A ideia é fascinante e só carece de encontrar os botões que eles gostam, os clips que ficam na moda, as bic que encantam. Mas o BRIC é um mercado de pobres, de prostituição, de máfias, de crédito mal parado, de desejo desmedido e, pelo meio, algumas fortunas. Estes países caíram, junto com a América, na mais complexa crise financeira do mundo contemporâneo e agora, pela sua dimensão, são o potencial de maior instabilidade do mundo.

Se não quiseres revoltar os cegos, não lhes dês a visão temporária, não dês a liberdade por bochechos, não entregues a fortuna por minutos aos pobres.

A expectativa é seguramente o sangue da revolta. Gorada a ideia de um despertar BRIC, com a aproximação do baque total, percepcionamos um tempo conturbado e podemos imaginar a China tumultuosa e mais garantida uma Índia em polvorosa.

BRIC laranja de escrita fina e bic cristal de escrita normal – recordam? Uma ideia simples, uma patente, gerando milhões. Mas os milhões nascem dos compradores e não se geram na falta de capital. E assim a BRIC está sem o seu grande importador americano a gerar a produção. E esta é a essência da crise dos 3 biliões.

Por: Diogo Cabrita

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