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Botar ovinhos à fronteira!

Mais uma vez, não é minha esta frase! É de um primo meu, gémeo de um outro, que nestas coisas do fazer rir são um só, cómicos do mais alto gabarito sotaque nortenho que conheci em toda a minha vida. Essa dupla, quando vem para estes lados da beira, goza assim, delicadamente, com os homens, que depositantes anónimos em bancos de goma de látex, peregrinam rumo à fronteira.

O Inglês Desmond Morris, no seu célebre livro dos anos cinquenta “O macaco nu” , dizia, ser da natureza dos homens, largar o máximo de ‘ovinhos’ em o maior número de fêmeas possíveis. Está na sua génese! Quanto às mulheres – dizia este etólogo – interessa-lhes um só parceiro, o melhor de todos, que lhes garanta a tal escultura pós natal. Depois também têm direito à brincadeira!, digo eu, sem querer com este parágrafo, sequer, raiar o machismo.

Apesar de humanos, supostamente mais complexos e civilizados, não deixámos de ser “Macacos nus”, não porque continuemos a fazer as mesmas grandes macacadas, mas porque ficámos somente sem pêlo, sem nos afastar-mos comportamentalmente, assim tanto, desses primatas.

É da nossa natureza, fronteira sempre simbólica – tal qual a terrestre -, pôr uma pata, ou o rabo de fora, porque algo nos atrai para o desconhecido, relativamente barato e sem tradução. Alternando entre casas, os nossos homens, visitam pelo menos uma vez na vida uma dessas ditas ilegais, antes, depois ou à beira de trocar anéis. Elas fazem-no igualmente, mas em segredo geral, sozinhas pela calada.

Esse limiar, que nos mantém naturalmente estáveis, é tão importante, que entendido como um vulcão, deve poder expelir aos bochechos para não rebentar, o que não deixaria de ser uma medida a apoiar, cerrando fileiras no combate à crise.

Podemos tentar enganá-lo, com truques, malhas arejadas, comidas afrodisíacas, trocando placas de direcção, desviando as intenções de ir ‘botar ovinhos à Fronteira’, porque é tudo uma questão de equilíbrio e criatividade social.

Talvez, numa próxima véspera de legislatura, agora que o tema de desgaste vai ser apenas o dos casamentos homossexuais, o falso moralismo da sociedade portuguesa possa permitir uma legislação sobre o trabalhador sexual, taxando essa indústria e obrigando a inverter as miseráveis condições de vida, nomeadamente de alguma mulheres.

Dada a falta de actividade, que não abunda para estes lados, e dificilmente poderá degenerar em explosão demográfica, criar um nicho turístico neste mercado desertificado, podia ser uma vantagem territorial e uma contribuição para um país, também ele, macaco, que se quer mais alegre, feliz e livre de preconceitos.

Por: Daniel Gil

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