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Bonecas

Corta!

Em equipa que ganha não se mexe. A máxima que desde sempre serviu para qualquer desporto colectivo, há muito que é também usada pelo cinema americano (veja-se a quantidade de remakes e continuações de filmes que nos oferecem a toda a hora). É agora chegada a vez do cinema europeu recorrer a tais estratégias.

Cinco anos depois de vários alunos europeus, em Erasmus, se terem encontrado em Barcelona, no filme Residência Espanhola, que rapidamente se transformou em filme de culto para toda uma geração twenty somethings a quem tal programa de intercâmbio de estudantes universitários se destina, os mesmos alunos, agora espalhados pelos seus vários cantos da Europa, reencontram-se em Bonecas Russas. O realizador Cédric Klapish volta a reunir o mesmo elenco e aponta setas para esse mesmo público que tão bem recebeu o seu filme anterior. Público agora na casa dos trinta, com a escola terminada ou quase, e que se reveja com os problemas de Xavier (novamente interpretado por Romain Duris). Problemas esses que são os de sempre e que não serão estranhos a ninguém: como escolher a pessoa certa para uma relação quando há tanta gente no mundo? Por entre os seus bloqueios criativos, o escritor (de tudo, desde que lhe paguem) Xavier, lá vai tentando encontrar quem o faça feliz. Paris, Londres, São Petersburgo… não interessa onde. O importante é ir tentando, até que dê certo.

Mas nem só Xavier tem problemas, Bonecas Russas também tem alguns. A começar pela quantidade de acontecimentos que o filme vai desfilando a uma velocidade vertiginosa. Acontece tanta coisa que, no fundo, parece que nada acaba realmente por acontecer. Tudo é superficial e quase sempre ingénuo. A ligeireza não faz mal nenhum, a não ser quando tal não é assumida e Klapish por vezes tenta chegar a patamares demasiado elevados para aquilo que tem para oferecer.

Filme divertido e que fará as delicias de muitos daqueles que transformaram num sucesso Residência Espanhola, não deixa ainda assim de ser um daqueles produtos descartáveis que se esquecem poucos dias após o seu visionamento. Mas nem sequer vejo nenhum mal nisso.

Virgem

O título do filme deixava adivinhar o pior: Virgem aos 40 Anos. Vindo ele dos Estados Unidos era fácil de prever mais uma daquelas comédias estúpidas e estupidificantes. Afinal, não é isso que acontece. Embora se passeie nos limites entre o aceitável e o pouco ou nada recomendável, colocando uma vez ou outra um pé do outro lado, Virgem aos 40 Anos consegue manter-se até final como um filme agradável. Uma boa ideia original que poderia, ainda assim, ter ido mais longe. Mas perante aquilo que se imaginava que o filme poderia ser, poucas são as queixas a fazer. Poderia ter sido tão mau, que até parece bom.

Por: Hugo Sousa

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