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Bombeiros portugueses e espanhóis na mesma frequência

Municípios da Beira Interior Norte vão ter gabinetes de protecção civil

Bombeiros e elementos da protecção civil dos dois lados da fronteira ficaram a conhecer-se melhor desde o último sábado, no âmbito de um seminário, realizado em Almeida, destinado a aproximar os sectores operacionais da Beira Interior Norte e da Diputación de Salamanca. O objectivo é optimizar os recursos técnicos e humanos existentes para melhorar o combate aos incêndios na região.

Esta cooperação decorre de um projecto apoiado pelo programa comunitário Interreg III que envolve uma dotação financeira de mais de um milhão de euros para várias acções de formação e aquisição de equipamento. Uma das prioridades é instalar uma central de alarme mais moderna em Salamanca e no Centro Distrital de Operações e Socorro (CDOS) da Guarda, para além de compatibilizar os sistemas de comunicações utilizados em Portugal e Espanha. «É necessário tornar os contactos mais fáceis de forma a garantir uma melhor coordenação das operações», destaca António Fonseca, coordenador do CDOS da Guarda, lembrando que os dois países utilizam frequências diferentes. Por outro lado, está igualmente prevista a criação de nove gabinetes de protecção civil nos municípios da Beira Interior Norte (Almeida, Celorico, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Trancoso e Sabugal) para os quais já foi adquirido equipamento, devendo entrar em funcionamento no próximo ano. Tudo para melhorar os sistemas de prevenção e de actuação ao longo da fronteira Salamanca-Beira Interior Norte, bem como aprofundar o conhecimento operacional dos planos de emergência distrital e municipal.

Agustín Caballero, coordenador dos projectos transfronteiriços na Diputación de Salamanca, realça que nos últimos anos tem havido algumas intervenções conjuntas nos concelhos raianos do Sabugal, Almeida, Figueira e Freixo de Espada à Cinta. Uma situação confirmada pelo vice-presidente da Câmara anfitriã, para quem esta colaboração é necessária porque os espanhóis têm «mais meios aéreos e outra forma de operacionalidade que pode permitir um melhor combate em território português». José Alberto garante mesmo que no seu município já houve «várias situações de cooperação efectiva e eficaz». Já Artur Gomes, vice-presidente do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), aludiu à existência de um protocolo bi-lateral de ajuda mútua e adiantou que os dois países estão a elaborar «um plano ibérico para combater os incêndios ao longo da fronteira», através da troca de meios aéreos, máquinas de rasto, bombeiros e viaturas. O responsável anunciou ainda a instalação de novos meios de comunicação na Guarda, nomeadamente uma viatura que possibilitará melhores condições para os postos de comando e que interligará com o sistema espanhol.

Luis Martins

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