Arquivo

Bombeiros de Gouveia «zangados» com promessas não cumpridas

“Soldados da paz” não convidaram qualquer governante para as comemorações do 101º aniversário no domingo

Nem o carro de fogo, nem o novo quartel foi incluído no Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC) para 2005. «Zangados» com o incumprimento das promessas feitas nas comemorações do 100º aniversário pelo então ministro da Administração Interna, Figueiredo Lopes, os Bombeiros Voluntários de Gouveia entenderam não convidar qualquer membro do actual Governo para a celebração de mais um ano de existência, no domingo.

«É uma forma de protesto pelo facto das promessas deixadas há um ano não terem sido cumpridas», explica Gil Barreiros, presidente da direcção dos bombeiros gouveenses. Tanto mais que ninguém fez qualquer «pedido especial» ao ex-ministro da Administração Interna, mas Figueiredo Lopes prometeu uma viatura de fogo «para Janeiro deste ano» e que o novo quartel estaria em PIDDAC «em 2005». Duas «prendas» que afinal nunca o foram, não tendo passado apenas de promessas, lamenta. Como o ministro «não tratou de nada», os bombeiros de Gouveia sentem-se agora «enganados» pelo anterior Governo e, em especial, por Figueiredo Lopes, reforça Gil Barreiros. Entretanto, a corporação já encetou contactos com o actual ministro, mas o cenário continua idêntico: «Dizem-nos que estão cheio de promessas dos anteriores Governos. É sempre assim… O Estado vai empurrando a bola para o campo dos que saíram, quando devia cumprir os compromissos assumidos publicamente», exige. Assim sendo, o responsável considera «estar visto que o Estado já não é uma pessoa de bem e que já não podemos confiar nas palavras dos políticos e governantes».

Por isso, os “soldados da paz” de Gouveia não querem «ninguém do poder central» nas comemorações dos 101 anos da associação. O seu presidente realça mesmo que a sua corporação deve ser «das poucas do país» que não tiveram nenhuma prenda especial do Estado quando fizeram 100 anos. Outro facto que aumentou a insatisfação no quartel prende-se com o que aconteceu em Aguiar da Beira, cuja associação, «sem fazer 100 anos, sem nada, recebeu um carro de fogo», aponta. Ora, «as razões que podíamos entender como falta de verbas cabimentadas, ou tudo o resto que pudessem alegar, também tinha que se referir às restantes corporações», denuncia, admitindo que o que se passou faz com que «estejamos bastante críticos, zangados e ofendidos». Trata-se portanto de um aniversário «sem motivos para festejar, apenas para cumprir calendário» e com um «tom crítico muito marcante, porque as pessoas não podem ser enganadas e continuar a sorrir e a esperar que venha outra direcção que, nos 200 anos, tenha um carro novo», ironiza Gil Barreiros.

Até porque o actual quartel está «velho», «sem condições de habitabilidade» na parte antiga e com as instalações sanitárias «degradadas». Apesar deste cenário, o presidente esclarece que a “guerra” nem é tanto pelo quartel, mas mais por um carro de fogo que «nos faz bastante falta» porque a corporação está numa zona de risco, no coração da serra da Estrela, «onde temos que ter viaturas para intervir e não temos». Actualmente existem carros com 20 anos a fazer serviço e que passam nas inspecções automóveis «cada vez com mais dificuldade», revela. Uma situação que continua a acontecer porque ninguém sabe onde foi parar o carro prometido. «É fácil fazer discursos e não cumprir, mas é preciso dizer que o “rei vai nu” e que as pessoas não são parvas», diz Gil Barreiros.

Ricardo Cordeiro

Sobre o autor

Leave a Reply