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Bombeiros da Guarda obrigados a trabalhar em dia de aniversário

Presidente da Associação Humanitária defende a permanência do helicóptero na cidade

Nem no dia do seu aniversário, os Bombeiros da Guarda tiveram direito a descansar. Um fogo na zona de Alfarazes, próximo do Intermarché, na tarde do último sábado interrompeu, de forma abrupta, o desfile de viaturas da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Egitanienses (AHBVE) que comemorava o seu 129º aniversário. Combatido por 53 homens de quatro corporações, apoiados por 12 viaturas e um helicóptero, este incêndio florestal foi rapidamente circunscrito. De resto, tanto o presidente da Associação, como o autarca da Guarda, focaram a importância e a necessidade do meio aéreo continuar, de modo permanente, estacionado na cidade.

«Se conseguíssemos sediá-lo na Guarda seria excelente para esta casa», reconhece António Manuel Gomes, presidente da direcção dos Bombeiros da Guarda. Ainda para mais porque a região é assolada, «de ano para ano», com inúmeros incêndios, daí que ter um helicóptero na cidade, «sobretudo para uma primeira intervenção com uma brigada helitransportada», pode ajudar a evitar que os fogos assumam dimensões difíceis de controlar. É que «se conseguirmos ter uma intervenção muito rápida e logo no primeiro foco de incêndio penso que conseguiremos evitar muitas calamidades. O problema é quando o incêndio atinge proporções que depois exigem muito mais meios para o controlar», alerta. Deste modo, «é necessária uma permanência diária do helicóptero» na Guarda, já que permite chegar aos locais do incêndio «muito rapidamente», o que oferece alguma «tranquilidade» aos “soldados da paz”. Também o presidente da Câmara da Guarda, Álvaro Guerreiro, solicitou a António Fonseca, coordenador distrital do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), que interceda junto da tutela para que o «helicóptero continue estacionado na Guarda». No entanto, António Manuel Gomes salienta que «é preciso não ignorarmos o resto que é feito em terra, com muita entrega e sacrifício» e caso não haja uma boa e articulação entre os meios aéreos e terrestres «muitos dos incêndios não conseguem ser abortados no início», salienta.

Venda do terreno foi «cancelada»

Em dia de festa, os Bombeiros da Guarda receberam duas novas viaturas, uma de combate a incêndios e um auto-tanque, comparticipado pelos serviços municipalizados da Guarda, e que serve «sobretudo» para abastecer água às populações». No entanto, “nem tudo são rosas” na vida da corporação que tem, actualmente, 125 homens e 39 mulheres, havendo três ambulâncias a «”dar o berro”». Apesar de estarem «orgulhosos» pelo novo quartel inaugurado há dois anos, os bombeiros da Guarda «nunca têm tudo», assegura o seu presidente. Para além das três ambulâncias, viaturas que percorrem «muitos quilómetros por mês», que «estão a entrar em ruptura», António Manuel Gomes garante que «gerir uma casa destas custa muito», daí que o «sacrifício» e o «rigor» sejam indispensáveis. «As viaturas são muito caras e para nós darmos uma resposta às solicitações e às nossas obrigações sociais isso implica muito sacrifício e já não é de agora», frisa. Só em despesas de combustíveis, os gastos são «muito elevados», já que as viaturas de combate a incêndios são de «alto consumo», frisa. Deste modo, a actual direcção viu-se obrigada a recorrer a um empréstimo bancário de 100 mil euros, dos quais já foram pagos 40 mil, isto para «pagarmos os ordenados». Um pedido de empréstimo, contraído há mais de seis meses, a que não foi alheio o facto dos bombeiros não terem conseguido vender, em hasta pública, por duas vezes, o terreno situado junto ao antigo quartel. Uma intenção que, por ora, foi «cancelada, por decisão da direcção», indica António Manuel Gomes. Aliás, a situação financeira da instituição já foi «mais complexa» do que é, hoje em dia, assegura o seu presidente.

Ricardo Cordeiro

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