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Bombeiros da Covilhã não vão ajudar outros concelhos no Verão

Corporação diz não ter veículos suficientes para o combate aos fogos florestais

Os Bombeiros Voluntários da Covilhã (BVC) não deverão combater, este Verão, as chamas nos concelhos vizinhos, pois só dispõem de duas viaturas de combate a incêndios. O aviso foi deixado nas comemorações dos 131 anos da corporação, no último domingo, reiterando as declarações do presidente da direcção, Emídio Martins, sobre a insuficiência de meios para combater os fogos.

«Temos apenas duas viaturas, uma das quais com 30 anos», disse, por sua vez, o comandante José Flávio, admitindo a “O Interior” que a corporação não tem meios disponíveis para combater os fogos noutros concelhos. Por isso, se forem solicitados, apenas intervirão com um pronto-socorro ligeiro (PSL) com capacidade para 400 litros. «É o único carro que podemos enviar, caso contrário, estaríamos a desestabilizar o concelho», justificou, criticando o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) por ainda não ter restituído as viaturas que os BVC perderam nos últimos dois anos – uma no incêndio do último Verão na Pampilhosa da Serra e outra, em 2004, que já está inoperacional. «Seremos o “filho pródigo?”», questionou, ao lembrar que «em 20 anos, o SNBPC apenas deu duas viaturas» aos “soldados da paz” covilhanenses. Por ora, José Flávio espera apenas que aquele serviço cumpra a «promessa» de atribuir uma viatura florestal à corporação assim que alguma for atribuída para o distrito.

A falta de veículos também foi apontada por Emídio Martins, ao lembrar que «das 19 viaturas da corporação, quase todas com mais de 20 anos, apenas duas foram atribuídas pelo SNBPC». O que estranhou quando outras corporações receberam «7 ou 8 viaturas em períodos mais curtos». Já Rui Esteves, comandante do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Castelo Branco, limitou-se a dizer que vão ser «pedidas responsabilidades» a José Flávio, escusando-se a polémicas por se estar «no domínio das suposições». No entanto, questionado pelos jornalistas, aproveitou a oportunidade para criticar Emídio Martins por se pronunciar sobre assuntos que «não são da sua competência». «O presidente da direcção dos BVC tem uma responsabilidade administrativa, não tem competências operacionais», ressalvou. Quanto às viaturas, disse existirem «apenas conversas» de que «em caso de reequipamento, a Covilhã estaria na primeira linha», salientou. Algo que não deverá acontecer este ano, visto não haver verba aprovada para o efeito.

Entretanto, no dia do seu aniversário, os Bombeiros da Covilhã receberam um auto-tanque, com capacidade para 40 mil litros de água. O veículo foi oferecido pela Repsol – que doou a cisterna – e pelo empresário Paulo de Oliveira, que adquiriu o tractor por cerca de 40 mil euros. Além deste, entraram ainda ao serviço uma ambulância destinada à fisioterapia e um carro apropriado para as zonas históricas e altas, com um depósito de 1.800 litros de água. Na cerimónia foi ainda assinado um protocolo com a Câmara para atribuição de um subsídio de 175 mil euros para a compra da auto-escada de 42 metros no próximo ano e de um apoio mensal de 6 mil euros até 2009 para combustível.

Liliana Correia

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