Arquivo

Bombeiros a postos para época de incêndios

A Guarda foi o distrito com mais área ardida no ano passado, com 5.235 hectares queimados pelas chamas entre 1 de janeiro e 15 de outubro

A poucos dias do início da fase “Bravo” de combate a fogos florestais, que começa a 15 de maio e prolonga-se até 30 de junho, os meios começam a ficar operacionais.

No caso da Guarda, o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios, recentemente apresentado em Pinhel, vai envolver mais de 500 elementos em permanência e quase 200 viaturas, para além de meios aéreos, só na fase “Charlie”, a mais crítica que vigora entre 1 de julho e 30 de setembro. Segundo o comandante operacional distrital da Proteção Civil, estes recursos serão os suficientes para dar resposta à maioria das situações, devendo apostar-se antes numa «maior sensibilização das pessoas, pois a maior parte dos incêndios ocorre por ato negligente e não por crime intencional». António Fonseca afirma, por isso, que «o distrito possui uma estrutura de corpos de bombeiros que já é suficientemente robusta, que corresponde a cerca de 1.200 elementos e 500 veículos» e que poderá ser acionada em casos de maior gravidade.

Já no distrito de Castelo Branco, a partir de 1 de julho, estarão em regime de prontidão 137 equipas com 677 operacionais e 143 veículos, com o apoio de três helicópteros bombardeiros ligeiros estacionados em Castelo Branco, na Covilhã e Proença-a-Nova. A partir de 20 de junho e até 5 de outubro dois aviões bombardeiros médios vão ficar estacionados em Proença-a-Nova. No ano passado, a época de incêndios terminou com o distrito da Guarda no topo da área ardida com 5.235 hectares queimados pelas chamas entre 1 de janeiro e 15 de outubro, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Portalegre (2.489 hectares) e Bragança (2.253) foram outros distritos mais afetados pelos fogos em 2014. No caso da Guarda registaram-se 333 ocorrências, das quais 148 foram incêndios (área igual ou superior a um hectare) e 185 fogachos (inferior a um hectare). Mesmo assim, a área ardida em 2014 é bastante inferior à verificada em anos anteriores. No distrito da Guarda arderam 9.818 hectares em 2013 e 10.219 em 2012. Já em 2011 os fogos consumiram 11.556 hectares de matos e florestas.

Entretanto, um estudo divulgado esta semana pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro revela que Portugal regista mais de um terço do número total de incêndios da Europa. Trata-se de uma análise comparativa entre vários países do Mediterrâneo (Portugal, Espanha, Itália, Grécia e França), que no nosso país contou com a colaboração dos investigadores do Centro de Investigação e de Tecnologias Ambientais e Biológicas (CITAB) Mário Gonzalez Pereira e Mallik Amraoui, daquela universidade. A principal conclusão é que Portugal tem «mais de um terço do número total de incêndios da Europa e um pouco menos de um terço do total de área ardida». Segundo dados da União Europeia, entre 2000 e 2013, verificaram-se quase 19 mil fogos florestais nos países da Bacia do Mediterrâneo, sendo que mais de 10 mil ocorreram em Portugal continental. «É um valor muito elevado que ainda é mais exacerbado se tivermos em conta a relativa pequena dimensão do país face aos outros com que estamos aqui a comparar, nomeadamente com Espanha», refere Mário Gonzalez, que chama a atenção para o facto deste valor corresponder a 14,7 por cento do território nacional continental.

Luis Martins Fase “Bravo” de combate a fogos começa a 15 de maio e prolonga-se até 30 de junho

Sobre o autor

Leave a Reply