Quis o destino que duas equipas separadas apenas por três pontos, com vantagem para o Ginásio Figueirense, e ambas com o espectro da descida na mira se encontrassem nesta última jornada do Distrital da Iª Divisão da Guarda. No final, após um jogo de contornos dramáticos, foi o Foz Côa que acabou por fazer a festa.
A expectativa era grande, mas o pouco público presente nas bancadas do municipal de Foz Côa foi brindado com um mau espetáculo de futebol. Valeu, contudo, a inspiração de um “menino” chamado Bruno Coutinho, que conseguiu carimbar com dois golos a permanência dos locais na divisão maior do futebol distrital. Ao Ginásio Figueirense bastava-lhe o empate ou então perder pela margem mínima para conseguir esse objetivo. Talvez por isso os homens de Boneco tenham entrado com toda a cautela e durante os primeiros 45 minutos, dando a iniciativa aos fozcoenses, iam conseguindo levar o barco a bom porto. Nesse período, os homens de Valter Luís não conseguiam aproximar-se da baliza de Tiago e não criaram oportunidades de golo, salvo numa jogada aos 20’ em que valeu o corpo de um defesa figueirense.
Na segunda metade, os visitantes continuaram a dar o comando da partida aos locais na tentativa de, pelo menos, conseguir o nulo que lhes garantir a manutenção. Só que o Foz Côa imprimiu mais velocidade e, aos 71’, Bruno Coutinho inaugurou o marcador com um remate de belo efeito num livre à entrada da área. Mas, para conseguir a manutenção, os locais precisavam de, pelo menos, mais um golo, pelo que o Figueirense reforçou a linha defensiva e permitiu aos fozcoenses que assediassem com mais perigo a baliza de Tiago. Numa dessas jogadas, após cruzamento da direita e de alguns ressaltos na área, Bruno Coutinho apareceu a marcar pela segunda vez. A partir daí, o Ginásio pressionou mais e, apesar de ter causado alguns calafrios à defesa fozcoense, não conseguiu marcar o golo que lhe permitiria a permanência, vendo-se assim relegado para a IIª Divisão distrital, o que acontece pela primeira vez.
No final, Bruno Coutinho, lavado em lágrimas, declarou a O INTERIOR que estes foram os golos «com mais sabor» na sua longa carreira, tendo inclusivamente jogado no Figueirense. O trio de arbitragem esteve em bom plano e melhor estaria se houvesse mais coordenação com os auxiliares.
Fernando Araújo
