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Bis coitos

Bilhete Postal

Bis de repetir, de voltar a dizer. Coito de sexo.

Sinto que todos os bis são de sexualizar minha existência, de criar dificuldades à classe média onde me encaixo. O coito do vencimento. Mas é um coito sem prazer, um espaço onde apenas um se diverte. E é sempre bis, regressam ao meu salário constantemente. O meu soldo é uma meretriz – um bis coito. Não há dinheiro para estradas, não chega para o TGV, falta um pouco para estádios de futebol, as dificuldades apertam a terceira travessia do Tejo, a luz não baixa mesmo quando já não se importa tanta, a água não baixa jamais, nem com invernos carregados de nuvens, dilúvios de água doce. Aqui o bis é de coito aos salários.

O Governo conserva o meu vencimento há quase 5 anos, sem baixa no IVA, sem acalmia nas propinas, com a tendência gratuita da saúde a desaparecer, sem integração dos dentistas no SNS, e nós bis – pagando. Aliás a vida normal de um pai de filhos é bisar doze vezes as contas fixas. O coito está quando o vencimento não estica e o Banco não facilita. O biscoito amarga e a vida liberta a resina.

O bis é os filhos a crescer e o coito, a impossibilidade de acompanhar os desejos. São biscoitos socialistas que se acoitam na nossa tranquilidade, bonomia e desinformação. Penso que só aos dez biscoitos o português se enfada. Talvez com o IVA a 22%, a taxa de consultas urgentes a 20 euros, o fim de todas as ambulâncias do INEM, o fim das regalias de bombeiros, crianças menores de 12 anos, doentes crónicos e tantos “lambões” que andaram acoitados na Segurança Social. O biscoito amargo é retirar pensões, é fechar escolas, é aniquilar universidades. O coito por aqui nunca vem único, é sempre bis. Espera lá que se esta não te agrada já vês a próxima…

Por: Diogo Cabrita

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