O escritor, ensaísta e crítico literário guardense João Bigotte Chorão foi galardoado com o Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores (APE) com o livro “Diário Quase Completo” (2001).
A obra, editada pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda, foi distinguida por maioria de um júri presidido por José Correia Tavares (vice-presidente da APE) e constituído por Artur Anselmo (professor universitário), Cristina Robalo Cordeiro (vice-reitora da Universidade de Coimbra) e Clara Rocha (professora e ensaísta), que votou na obra “Raul Proença – Vols. I e II”, de António Reis. No valor de 5.000 euros e patrocinado pela Câmara de Castelo Branco, o prémio, que se pretende bienal, abrangeu excepcionalmente um período mais alargado, entre 2000 e 2007, e admitiu a concurso 85 obras de escritores portugueses nas áreas da biografia e autobiografia, memórias e diários. Maria Teresa Saavedra, Eduardo Prado Coelho, Norberto Cunha e Cristóvão de Aguiar foram os galardoados nas quatro edições anteriores.
João Bigotte Chorão nasceu em 1933 na Guarda. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra, cidade onde iniciou a sua actividade literária na revista “Estudos”, publicação do Centro Académico de Democracia Cristã. Ali publicou ainda os seus primeiros livros, “O Discípulo Nocturno” (1965) e “Aventura Interior” (1969) em cujas páginas perpassa uma fina análise de obras e autores consagrados nas letras portuguesas. Escreveu mais tarde um terceiro volume de diário, “O Reino Dividido” (Lisboa, 2000). E esta é uma característica singular do estudioso crítico da literatura: ainda que se tenha ocupado do pensamento e da obra de autores estrangeiros – recorde-se o ensaio “Vintila Horia” ou “Um Camponês do Danúbio” (1978) e os estudos sobre Unamuno ou ainda os escritores brasileiros, a sua atenção recai preferentemente sobre as grandes figuras da literatura nacional.
São disso testemunha os livros “Camilo – A obra e o Homem” (1979); em segunda edição: “Camilo – Esboço de um Retrato”, (1989); “João de Araújo Correia – Um Clássico Contemporâneo” (1990); “Carlos Malheiro Dias na Ficção e na História” (1992); “Camilo Camiliano” (1993); “O Essencial sobre Camilo” (1997); “O Essencial sobre Tomaz de Figueiredo” (2000). Ao romancista Francisco Costa dedicou um substancial estudo introdutório à edição das “Obras Completas” (Porto, 1989). A sua obra testemunha, na generalidade, uma sólida e diversificada cultura, aliada a grande pureza estilística que lhe valem ser considerado como um dos mais respeitados críticos literários da actualidade. Editou ainda “O Escritor na Cidade” (1986), “Nossa Lisboa dos Outros” (1999), “Galeria de Retratos” (2000) e “Diário Quase Completo” (2001). JMA in “Dicionário de Literatura – Actualização 1º Volume” (Figueirinhas, 2002).