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Belmonte dedica novo museu a Pedro Álvares Cabral

Centro Interpretativo “À Descoberta do Novo Mundo” vai estar pronto em 2008 para retratar os Descobrimentos e a viagem de Cabral para o Brasil em 1500

A Aldeia Histórica de Belmonte vai usufruir em 2008 de um novo espaço museológico, desta vez dedicado às descobertas marítimas com especial relevo para a viagem de Pedro Álvares Cabral para o Brasil. O Centro de Interpretação dos Descobrimentos “À Descoberta do Novo Mundo” pretende ser assim uma homenagem da autarquia a um dos principais descobridores lusos e senhor de Belmonte. Como não poderia deixar de ser, o novo museu vai nascer no histórico Solar dos Cabrais, um edifício construído no século XVIII que foi a segunda residência da família Cabral para substituir o Paço do Castelo que havia sido afectado por um incêndio. O edifício, situado em frente à Câmara Municipal na rua com o nome daquela importante figura, ostenta ainda um brasão do século XIX.

O Centro Interpretativo irá desenvolver-se em três níveis, num edifício a construir na envolvente do Solar dos Cabrais, e terá por base a Descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral no ano de 1500, sem esquecer, no entanto, todos os aspectos relacionados com a Época dos Descobrimentos, desde a caracterização das suas gentes até à representação da sua cultura. Será uma verdadeira viagem ao século XV, onde o visitante poderá contemplar, de forma interactiva e com o recurso às novas tecnologias multimédia, as músicas, a paisagem, o clima, os costumes e tradições da época, tanto portuguesas como brasileiras. Tudo começa com uma reconstituição histórica de Belmonte do século XV à actualidade no primeiro nível, passando ainda pelas representações de Lisboa no século XV, da Epopeia dos Descobrimentos e da Preparação da Armada de Pedro Álvares Cabral, assim como a sua viagem no alto mar e a chegada ao Brasil. Já no segundo nível, serão retratado aspectos relacionados como o clima tropical e a biodiversidade brasileira, bem como a relação entre os diversos povos que ocupam aquela terra: portugueses, índios e jesuítas (numa primeira fase) e índios e escravos numa outra fase. A terminar este nível está a miscigenação entre indivíduos de raças diferentes. Por fim, no último nível, estarão as referências musicais, os engenhos e as roças e a identidade e Portugalidade do país. No interior do Solar dos Cabrais será instalado um Centro de Documentação de Apoio a este equipamento.

«Será um museu inovador no país», aponta Amândio Melo, presidente da Câmara de Belmonte, ao referir-se aos recursos multimédia que o irá transformar «num museu contemporâneo» apesar da temática histórica. Desta forma, o edil não tem dúvidas que será um espaço «atractivo» para os visitantes, visto que não se trata apenas de ver uma exposição mas de sentir quase como “in loco” as vivências daquela época. «É sem dúvida um museu interactivo que irá funcionar de uma forma muito interessante», nota Amândio Melo, que pretende transformar este espaço num dos principais ex-libris turísticos da Aldeia Histórica. A aposta no turismo tem sido uma das principais estratégias de Amândio Melo desde que ocupou a presidência da Câmara Municipal em 2000. Desde então, já foram criados três museus temáticos que, aliados ao vasto património histórico e cultural da vila e do concelho, pretendem colocar Belmonte no mapa como um «destino turístico de excelência» para todos os gostos, desde o turismo cultural ao religioso. O novo equipamento, que custará cerca de dois milhões de euros, faz parte do conjunto de intervenções de requalificação e valorização de infraestruturas no âmbito do Plano de Aldeia Histórica.

Espaço encerra ciclo de museus temáticos

Com a construção de “À Descoberta do Novo Mundo”, a Câmara de Belmonte encerra também o ciclo de construção de museus temáticos que têm acontecido desde 2001 na vila. Foi nesse ano, em Abril, que a autarquia inaugurou o primeiro espaço museológico temático, o Eco-Museu do Zêzere, dedicado às várias realidades do Rio Zêzere. Aqui, tenta-se contar a história biológica, geológica e antropológica do rio Zêzere. Desde o início do ano, este espaço já foi visitado por seis mil turistas. Mas foi no início do ano passado que Belmonte se colocou realmente no mapa dos espaços temáticos, ao inaugurar em Abril o Museu do Azeite (dedicado à cultura do lagar) e o Museu Judaico de Belmonte, o primeiro e único espaço do país dedicado à história dos Judeus em Portugal. Este último, com um público mais específico, já atraiu este ano cerca de sete mil visitantes de todo o mundo. Para além destes museus temáticos, Belmonte tem ainda como locais de exposição turística o castelo e a Igreja de S. Tiago, um templo românico do século XIII que foi sofrendo alterações até ao século XVIII. As principais mudanças foram efectuadas no século XIV, quando lhe foi anexada a Capela de Nossa Senhora da Piedade e, nos finais do século XV, o Panteão dos Cabrais, onde hoje está depositado o túmulo de Pedro Álvares Cabral. Até Julho passado, o templo tinha sido visitado por 10 mil pessoas.

Liliana Correia

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