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Bárbara Ferreira, estudante de medicina e escritora

Ex-Alunos

Bárbara Ferreira acaba de editar “Voando com as minhas asas – Diálogos entre a Filosofia e a Ciência”. Foi este o pretexto para uma conversa em que abordamos também o curso de Medicina, quase a terminar.

Que Curso frequenta e qual a razão da escolha?

Estou a frequentar o 6º ano do Curso de Medicina, na Universidade de Coimbra. Escolhi estudar Medicina pela minha admiração e curiosidade em compreender o complexo ser que é o ser humano e o desafiante mundo da mente e do comportamento humano. Depois, a Medicina cruza a ciência com a arte, o rigor que a Biologia, a Bioquímica, a Fisiologia, a Matemática exigem com a arte de lidar com a singularidade da pessoa, de perceber que cada ser humano é único e especial.

Está a corresponder às expectativas que tinha, quando frequentava o secundário?

Sim, posso dizer que sim. Naturalmente que as minhas impressões sobre vários aspetos do Curso e da Medicina em geral se foram modificando, porque, de facto, ver de fora é sempre muito diferente. No entanto, o meu interesse pela Medicina consolidou-se ainda mais ao longo do Curso, particularmente durante os dois últimos anos, quando tive um contacto mais próximo com as disciplinas clínicas, que permitiram estar mais perto do doente e que muito ampliaram os meus conhecimentos das patologias, desafiando a raciocinar sobre a heterogeneidade semiológica que uma mesma patologia pode ter em doentes diferentes.

Publicou recentemente um livro, “Voando com as minhas asas”. Como surgiu a ideia de publicação e quais os motivos que a levaram a partilhar a escrita?

A vontade de escrever um livro e de o publicar era um sonho já antigo, talvez desde a Escola Primária. Ao longo do meu percurso escolar e, em particular, ao estudar a disciplina de Português esse meu gosto foi-se intensificando. Foi muito interessante e enriquecedor conhecer, ler, interpretar, estudar uma grande diversidade de géneros literários, de autores, de estilos de escrita. E, tal como defendo neste meu primeiro livro, quando aprendemos algo devemos partilhá-lo, mas dando-lhe o nosso contributo pessoal, construindo algo novo, nosso, original. A opção pelo assunto que abordo neste livro vem do meu profundo interesse pela Filosofia (para o qual as minhas aulas de Filosofia no Ensino Secundário também tiveram um papel importante), pela Ciência e pelo intrigante mundo que elas habitam, o nosso mundo.

Como deixa entender o subtítulo, existe mesmo diálogo entre a Filosofia e a Ciência?

Nem sempre. Logo nos tempos do Liceu, pude verificar como nem sempre a Filosofia era “bem vista”, sendo considerada desnecessária ao estudo daqueles que queriam prosseguir os seus estudos nas Ciências. Não partilho desta ideia. Estudar Filosofia permite compreender que a Ciência precisa da Filosofia e a Filosofia da Ciência. A Filosofia alerta para a importância de nunca deixar de questionar, para não estacionarmos o pensamento no sofá das certezas. Até porque os tempos mudam as perguntas. Por falar em certezas, nas fronteiras da Ciência, o que nos resta? Apenas dúvidas. É certo que há perguntas que apenas podem ser respondidas pela Ciência, mas também há perguntas para as quais apenas a Filosofia pode avançar respostas, mesmo quando abordam um mesmo tema. A Ciência permite ver o problema de uma forma, a Filosofia de outra, complementando-se.

Assim, neste livro, romanceado, procurei criar aquilo que defendo que deveria existir, mais vezes, um diálogo entre a Filosofia e a Ciência, discutindo as suas semelhanças e diferenças, numa tentativa de dar resposta a várias questões centrais da nossa vida.

Que projetos para o futuro quer a nível profissional, quer a nível de escrita?

A nível profissional, já antes de entrar no Curso tinha os meus sonhos que foram alimentando o meu desejo de estudar Medicina sendo que alguns se foram alterando, outros reforçando ao longo destes anos. Penso que é bom ter sonhos, eles são um estímulo! Mas nesta fase, estando agora na reta final do Curso, estou concentrada em aprender e praticar ao máximo neste Estágio que é o último ano e preparar a apresentação da minha tese de Mestrado (que está para breve). Depois, virá o Exame final, de acesso à Especialidade.

Quanto à escrita… escrever é para mim um momento de evasão, de serenidade, pelo que continuo e gostava muito de continuar a escrever, sempre. E há outros temas sobre os quais gostaria de refletir ainda mais para um dia escrever e ter o gosto de novamente partilhar convosco.

O que recorda dos tempos da Afonso de Albuquerque?

Recordo muitos momentos, estaria aqui a falar sobre tantos… Estudei na Escola Afonso de Albuquerque durante 6 anos e, apesar de nem todos os momentos terem sido igualmente bons, no global desses muitos anos recordo-a com alegria principalmente porque julgo que consegui algo muito importante: recordar com saudade e amizade vários Professores, quer no Básico quer no Secundário, que tiveram um papel marcante na minha formação e no meu enriquecimento pessoal e várias colegas e amigas, com as quais ainda hoje contacto, sendo com grande contentamento que vou acompanhando os seus percursos e partilhando experiências.

Bárbara Ferreira, estudante de medicina e
        escritora

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