Arquivo

Bandas gástricas são «mais-valia» para o Hospital Sousa Martins

Primeiras Jornadas de Obesidade Mórbida decorrem na Guarda, a partir de amanhã, e contam com a participação dos principais especialistas do país

Leonor Tavares, de 46 anos, vive em Gonçalbocas, mas o peso avantajado, alguns problemas respiratórios, e por consequência, uma doença chamada apneia do sono, obrigaram-na a fazer uma intervenção cirúrgica bariátrica. A colocação da banda gástrica aconteceu no dia 29 de Setembro no Hospital Sousa Martins, na Guarda, o único hospital distrital do país onde se faz este género de intervenção. «Os primeiros meses foram um pouco complicados», confessa, mas, «agora estou óptima», garante. Por isso, aconselha outros «doentes que sofram desta doença a fazer a operação». Apesar de não querer desvendar o seu peso, indica que já perdeu 26 quilos e só por isso já se sente melhor. Este é um dos muitos casos que vão ser apresentados nas primeiras Jornadas de Obesidade Mórbida, no Lusitânia Parque Hotel, na Guarda, que começam amanhã e se prolongam até domingo.

Um ano depois do serviço de Cirurgia do Sousa Martins ter dado os primeiros passos na especialidade bariátrica, com o apoio da Unidade de Videocirugia do Hospital São José, já foram aplicadas 40 bandas gástricas. «Para já os resultados são bons», congratula-se Paulo Correia, director do serviço. No entanto, este tipo de tratamento tem que ser avaliado a longo prazo: «Alguns destes doentes foram operados nem há um ano e de uma maneira geral estão todos bem», assegura o médico. Os objectivos foram alcançados, mas «ainda é cedo para falar dos resultados», ressalva Paulo Correia, revelando que a lista de pacientes é grande, pois «há cada vez mais pessoas a procurarem esta cirurgia». Em lista de espera há doentes de todos os distritos, como Castelo Branco, Leiria, Viseu, Guimarães ou mesmo Santarém. Segundo o cirurgião, são as mulheres que mais procuram esta cirurgia e numa faixa etária compreendida entre os 30 e 45 anos. Com este método, as pessoas que sofrem de obesidade mórbida, já considerada a epidemia do século XXI, podem ver o seu problema resolvido com a implantação de uma banda gástrica ajustável. Apesar de haver várias técnicas de cirurgia da obesidade, «nós só utilizamos a gastroplastia com colocação de banda gástrica ajustável por via laparoscópica», explica Paulo Correia.

O especialista garante que a taxa de sucesso desta técnica «é bastante boa» e que habitualmente os doentes «perdem 30 a 40 por cento do excesso de peso». A introdução desta técnica cirúrgica é uma «mais-valia para o serviço e, por consequência, para o Hospital Sousa Martins», frisa o médico.

Todos estes dados vão ser debatidos nas primeiras Jornadas de Obesidade Mórbida, com os principais especialistas do país, como o professor Galvão Teles, Novo de Matos, Jorge Maciel, Carlos Saraiva, Francisco Castro Sousa, Bicha Castelo, Ângelo Ferreira, entre outros. «Vamos discutir e debater a obesidade mórbida com os mais experientes nesta área para também aperfeiçoar as técnicas», adianta Paulo Correia. Amanhã, após a sessão plenária, o professor Galvão Teles faz um ponto de situação sobre a Obesidade Mórbida, pelas 10 horas. De seguida, o tratamento cirúrgico de obesidade mórbida vai ser debatido por médicos de várias especialidades. Enquanto à tarde serão apresentados diversas comunicações, como “Avaliação pré operatória do obeso mórbido”, por Augusto Lourenço, do Hospital Sousa Martins. No sábado, nas várias mesas redondas irão ser debatidas temas como: a experiência de grupos portugueses, banda gástrica e o By Pass Gástrico.

Patrícia Correia

Sobre o autor

Leave a Reply