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Balanço Indie

Corta!

Com as opiniões entre júri e público divididas, chegou ao fim a bem sucedida primeira edição do festival IndieLisboa, por onde terão passado mais de 11 mil pessoas ao longo dos dez dias de festival. Se a preferência do júri recaiu sobre A Cara Que Mereces, Le Monde Vivant (Grande Prémio do Júri), Lisboetas e Con qué la lavaré?, já o público pareceu apreciar mais o humor da curta belga Alice et Moi e do documentário checo Czech Dream (na foto). Este último, um documentário sobre a abertura de um hipermercado, publicitado durante semanas, que nunca esteve previsto abrir. Só vendo se poderá ter ideia do mais divertido filme em cartaz.

Com uma selecção de filmes para todos os gostos, o IndieLisboa apostou em dar visibilidade a um cinema muitas vezes afastado das salas de cinema no nosso país. A aposta do festival e respectiva correspondência, bem visível nas filas para compra de bilhetes, por parte do público, parece ter dado os seus frutos, com vários dos filmes exibidos já comprados e com estreias para breve. Desses, um dos destaques vai para Temporada de Patos, filme que tem tudo para se tornar num caso sério na lista de filmes de culto. Também sul-americano, o segundo filme de Lucrecia Martel, La Niña Santa, confirmou os valores apresentados na sua obra de estreia, O Pântano. Filme que passou algo despercebido, mas um dos melhores que se puderam ver por estes dias, foi o israelita Or (Mon Tresor), infelizmente ainda sem data prevista para exibição em Portugal, que mostra, crua e friamente, a relação difícil entre uma filha e a sua mãe, que tenta sair da sua vida de prostituição. A estreia em ecrãs nacionais do já veterano realizador de Hong-Kong Johnnie To, com Breaking News, foi outro dos pontos altos do certame, e terá seguramente conquistado muitos adeptos para um cinema algures entre Tarantino e Kitano. Humor e acção em doses bem equilibradas e garantia de duas horas bem passadas.

Mas nem tudo foi positivo, e dos filmes a evitar há a referir Sansa. Espécie de road movie sem carro, as viagens acompanham uma personagem, o Sansa do título, que tanto tem de simpático quanto de estéril. O filme nunca avança para lado nenhum, numa sucessão de impasses e becos sem saída, e o que de inicio chega a provocar um sorriso, para o fim transforma-se em enfado. E quando julgávamos não ser possível piorar, nos últimos minutos Sansa chega a Portugal, mas por estranho que pareça, nesse Portugal fala-se apenas castelhano e dança-se flamenco. Um desastre!

Com estreia tão auspiciosa, aguarda-se já a segunda edição, agendada para Abril do próximo ano. Que aquilo que promete transformar-se num grande festival de cinema, não acabe por ser apenas mais uma miragem, que alguns, agora presentes, recordarão para sempre. Enquanto Abril não chega, aproveitem-se os últimos dias do Imago, aqui bem mais perto, no Fundão, com um cartaz de luxo que terá os Alpha, já no Sábado, como cereja no topo do bolo.

Por: Hugo Sousa

cinecorta@hotmail.com

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