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Bala comum

Extremo Acidental

Jorge Amado chamou “capitães da areia” a um enorme grupo de crianças órfãs e abandonadas que vivem de pequenos golpes nas ruas de Salvador. Num paralelo quase literário, em Portugal existem hoje os “capitães da poeira”, um enorme grupo de militares órfãos da revolução e abandonados pelo socialismo que sonham com grandes golpes nas ruas de Lisboa.

Ana Gomes, deputada ao Parlamento Europeu, acrescentou decibéis à polémica entre os pais da revolução e os filhos da onça, afirmando que o verdadeiro 25 de Abril se comemorava no Largo do Carmo e não na Assembleia da República. Quando alguém, membro de um parlamento escolhido em eleições livres, universais e por voto secreto, reconhece mais legitimidade à voz ululante da multidão do que a órgãos legislativos democráticos, não seremos nós, simples povo representado nos megafones, a contrariar tal opinião. Fica o aviso às instituições europeias: sempre que as políticas da Comissão não forem do nosso agrado esqueceremos Estrasburgo e levaremos os panzers – que às praças de Bruxelas não se vai com chaimites.

Num outro paralelo da história, se a tropa nos livrou em 1974 de um regime de partido único da União Nacional (depois Acção Nacional Popular), quem é que nos livra agora do regime de caminho único da União Europeia (antes Comunidade Económica Europeia)? Será só a minha cabeça conspirativa ou toda a gente consegue ver a coincidência onomástica das uniões nacionais e continentais bem como a necessidade de promover mudanças de designação? Eu sei que Salgueiro Maia já não está vivo para exigir a rendição de Van Rompuy. O nosso capitão será Pedro Bala. A deputada Ana Gomes e a Associação 25 de Abril hão-de gostar de uma boa piada denotativa.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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