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Bairro da Fraternidade ainda longe da demolição

Câmara da Guarda quer intervir também no Bairro do Fomento, onde as habitações estão sob a alçada do IHRU

Mais de cinco anos depois da Câmara ter realojado 17 famílias num edifício da Guarda-Gare, a requalificação urbanística do Bairro da Fraternidade continua longe de ser concretizada. Há ainda seis habitações ocupadas nesta zona degradada da cidade, onde moram oito pessoas, e a autarquia só prevê ter alojamento para as acolher lá para 2012. Além disso, «a Câmara quer requalificar, ao mesmo tempo, o Bairro do Fomento», cujas casas são geridas pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), explica a vereadora Elsa Fernandes.

De acordo com os dados da autarquia, existem 25 agregados familiares naquele bairro contíguo ao da Fraternidade. «Temos falado com o IHRU no sentido dos terrenos, propriedade da Câmara, virem a ficar livres para que possamos então avançar com uma requalificação em toda aquela área», afirma a vereadora com o pelouro da Acção Social. Elsa Fernandes espera que «seja o IHRU a encontrar alojamento para as famílias do Fomento porque a Câmara tem já uma longa lista de espera» em matéria de habitação social. «Se não o fizer, será muito difícil para nós conseguirmos encontrar casas para esses 25 agregados familiares», alerta. No caso das oito pessoas que ainda residem no Bairro da Fraternidade, a solução para o realojamento passa pela aquisição e requalificação de edifícios situados no centro urbano, no âmbito do Programa de Financiamento para Acesso à Habitação (PROHABITA).

«Não as teremos prontas antes do final do próximo ano ou início de 2012», estima Elsa Fernandes, ao adiantar que o investimento previsto é de 790 mil euros. «O levantamento em termos imobiliários está concluído», acrescenta, revelando que há algumas dificuldades na aquisição dos edifícios. «Basta dizer que há imóveis em que é pedido uns 50 mil euros e outros que chegam aos 500 mil», exemplifica. Segundo a autarca, «já quase todos os proprietários foram contactados» e aguarda-se pela actualização dos indicadores imobiliários. «Como se sabe, há que lidar com este desequilíbrio económico global», acrescenta a vereadora da Acção Social. Relativamente à natureza da intervenção pensada para os terrenos dos dois bairros, junto ao parque municipal, nada adianta para já: «A nossa principal preocupação é, antes de mais, realojar as famílias e seria extemporâneo falar da requalificação. Há toda uma intenção para os terrenos e, a seu tempo, quando houver soluções mais concretas, certamente que o presidente da Câmara as anunciará», diz ainda Elsa Fernandes.

Recorde-se que existia, em 2004, um plano para o Bairro da Fraternidade estudado por técnicos da CEDRU – Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, no âmbito do programa Operacional de Desenvolvimento e Valorização Urbana, coordenado por Jorge Gaspar, que chamou à intervenção “Guarda 800 +”. A ideia era demolir as casas, desenvolver uma área baseada no conceito de “Cidade da Saúde” e criar um grande parque municipal na zona, interligando-o com o vizinho Parque da Saúde. Previa-se que as mudanças abrangeriam o parque de campismo, que sairia da mata, o estádio, as antigas piscinas e o actual parque municipal, servindo as duas associações ali existentes (Augusto Gil e CERCIG) como elementos de transição entre a área vocacionada para a saúde e uma zona de lazer. O Bairro da Fraternidade foi construído há 35 anos para albergar famílias oriundas das ex-colónias, sendo que este é um processo que se arrasta desde 1995.

Há anos que se aguarda pela requalificação desta zona degradada da cidade

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