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Autárquicas

Menos que Zero

Noite de eleições é noite de emoções, mas não aqui na região. Salvo alguma surpresa de última hora, as câmaras de Guarda, Covilhã e Fundão continuarão a ser dirigidas pelos actuais autarcas. E se no caso da Guarda a vitória do PS já assume foros de tradição, nos restantes municípios assistiremos à vitória das pessoas e não dos partidos, com Carlos Pinto e Manuel Frexes a recolherem os frutos da obra desenvolvida ao longo dos últimos quatro anos.

Para as vitórias anunciadas, sobretudo na Covilhã e no Fundão, muito contribuiu o maior partido da oposição. E já nem falo dos quatro anos em que a sua presença foi pouco notada, pois isso já lá vai. Falo das campanhas eleitorais absolutamente inconsequentes, onde a falta de propostas objectivas, as palavras vãs e os erros de estratégia foram uma constante.

Que dizer quando um secretário de Estado apela ao voto no PS, pedindo uma “vitória para o engenheiro Sócrates na sua terra”? Ao apelar ao voto no primeiro-ministro do Governo mais contestado dos últimos anos, Fernando Serrasqueiro cometeu um erro e, pior do que isso, passou um atestado de incompetência ao cabeça de lista do PS à Câmara da Covilhã.

Que pensar de um cartaz onde a candidata do PS à Câmara do Fundão promete mais “empresas e mais emprego” num concelho onde as empresas municipais têm sido alvo de grande contestação. É evidente que ela não se referia a este tipo de empresas, mas essa é a ligação imediata.

As campanhas eleitorais são momentos privilegiados para analisar o trabalho desenvolvido ao longo dos quatro anos de mandato. É o período em que a população está especialmente atenta às propostas e, sobretudo, particularmente sensível ao que não foi realizado na sua aldeia, no seu bairro ou na sua rua. A proximidade assume um papel particularmente importante, com a possibilidade de contrapor a visibilidade de um Jardim do Lago ao mau estado de uma simples rua. Veja-se o caso da Covilhã, por exemplo, onde o maior partido da oposição não conseguiu capitalizar o descontentamento e o medo existentes, nem conseguiu explorar as fragilidades dos actuais autarcas, desmascarando acções de campanha travestidas de actividades camarárias.

O resultado final só pode ser um: a derrota por larga margem, como se verá no próximo Domingo.

Nota final: Ao longo da campanha vi alguns funcionários das câmaras envolvidos em acções de campanha. Quase todos são candidatos em lugar não elegível e aproveitaram a legislação para fazerem campanha pelo partido que lhes deu emprego. Embora legalmente seja inatacável, eticamente é reprovável.

Por: João Canavilhas

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