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Autárquicas 2005-II

Depois do silêncio, eis que surgem perante as câmaras (de televisão) quatro dos candidatos à câmara (municipal) da Guarda.

É quase provocatória a falta de conteúdo do debate havido. Ainda que os moderadores tenham culpa (e aqui devo dizer que seria mais proveitoso contar com jornalistas locais) esta recai sobretudo nos restantes intervenientes, os políticos. Ainda que tal se possa dever à inexperiência de estar perante câmaras e luzes, esperava-se que esta Guarda que os inspira, que tanto amam, esta terra de “gentes” tão suas, desse azo a, pelo menos, algumas propostas e outras tantas soluções. Mas não. O debate começou com uma birra…depressa transformada em bola que ia saltitando entre alguns dos presentes e depois foi lançada para mais longe…não escapando sequer ao colo do ministro da saúde. No final do jogo, concluiu-se que o real game fora de facto uma modalidade individual, feminina, jogada entre Ana Manso e Maria do Carmo Borges. Objectivamente, desse jogo resultou aquilo que há muito estava decidido pelo anterior governo socialista…a remodelação e ampliação do actual hospital. Funcionou bem o facto de Joaquim Canotilho ser igual a si próprio, sem papas na língua. Moral da história: as birras só resultam com crianças, e nem sempre. Interesse para o debate…muito pouco. A decisão está tomada e não parece ter dependido das energias dispendidas por ex-autarca ou deputada.

Seguiu-se a famosa P.L.I.E. e as circunstâncias do discurso mantiveram-se inalteráveis. Ninguém percebeu quais são as responsabilidades da autarquia e da administração central na lentidão do processo e no recente rejuvenescimento do mesmo. Valente não explicou e os restantes não sabem nem parecem interessados em saber. É o “motor de desenvolvimento do concelho”…pois, isso já todos sabemos. Apenas um sinalzinho dado por Joaquim Valente, com a introdução de uma estratégia de gestão baseada na cedência de terrenos, em eventuais privilégios a dar a empresas que apostem em sectores inovadores e novas tecnologias, que se traduzam em mão-de-obra qualificada que está, aliás, na base da política do governo e é defendida por grande parte dos economistas portugueses. Sendo, aparentemente, a única forma de ganhar espaço no mercado europeu ficamos, ainda assim, sem saber como se tornará suficientemente competitiva.

O trabalho de casa mal feito de que acusa os socialistas, assenta que nem luva no discurso de críticas mal preparadas da candidata Ana Manso. Os equívocos atrapalhados relativamente ao parque industrial, estendem-se a Joaquim Canotilho relativamente ao Polis. Senhores opositores ao poder instalado… é inadmissível que nesta altura do campeonato não saibam quais os cargos e competências do principal candidato a vencedor. Que mais não seja para criticarem com substância e um mínimo de rigor. Ou ser candidato é um hobby, algo que se pratica de vez em quando, que até dá um certo gozo e engorda o ego por se achar que até se tem jeito para a coisa?

A respeito do Polis julgo, agora que a sociedade vai ser extinta, que deveria tornar-se público o balanço da operação. O conselho de administração, do qual Joaquim Valente é vogal, deveria esclarecer-nos sobre o que estava previsto, o que foi feito, o que ficou por fazer e porquê. E não porque vai haver eleições autárquicas mas sim porque é um direito que no assiste, enquanto cidadãos usufrutuários e contribuintes. A PolisGuarda desdobrou-se em campanhas publicitárias mas calou-se no momento da execução. Porquê? Haverá razões certamente…e seria um bom princípio de mostra de transparência, mesmo que assumindo erros de gestão, publicar esses resultados. Por outro lado, esse conselho de administração tem o dever de não deixar que a responsabilidade, do mau e do bom, caia unicamente sobre o candidato do PS, por respeito a este a aos restantes candidatos.

Verifiquei, com algum espanto, que Ana Manso não se apercebeu que não tinha o apoio das estruturas locais nesta candidatura, que não a queriam para número um. Curioso…mas talvez seja a doce cegueira que caracteriza os espíritos apaixonados que a fez passar ao lado destes factos “menos importantes”. Mas fica a dúvida se será “amor à Guarda” ou….obsessão?

Em nenhum momento apareceram os programas, os projectos de desenvolvimento do concelho a sobrepor-se às críticas avulsas, mais ou menos sérias. Incapacidade de todos.

O debate foi fraco…os intervenientes não revelaram, a poucas semanas das eleições, a maturidade intelectual e política necessária que deverá estar inerente a qualquer candidato nestas eleições autárquicas. Exigimos mais…muito mais.

Por: Cláudia Quelhas

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