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Autarca de Aguiar da Beira ainda acredita no mundo rural

Fernando Andrade considera que crise actual poderá originar o regresso das pessoas à agricultura

Apesar da crise que afecta a economia e sobretudo a agricultura devido ao despovoamento e à ausência de atractibilidade económica e social, o presidente do município de Aguiar da Beira acredita ainda no regresso ao mundo rural.

Para Fernando Andrade, esta crise «tanto pode ser muito prejudicial como muito benéfica e portanto vamos ver o resultado», sendo que um deles poderá ser, «de facto, o regresso à terra, ao amanho dos campos, hoje com técnicas agrícolas certamente mais rentáveis, mas que, de certeza, valorizarão a ruralidade e o seu mundo». Por isso, o autarca gostava que fossem concretizadas medidas de apoio efectivas à agricultura, de forma a cativar os jovens e a fomentar a sua «radicação na terra, porque, apesar de tudo, esta é uma actividade que pode ser rentável». Critico de algumas decisões em curso de iniciativa governamental, nomeadamente a aplicação do Rendimento de Inserção Social (ex-Rendimento Mínimo Garantido), o presidente aguiarense entende que «pagar às pessoas para não trabalharem – como acontece em muitos casos – é uma má opção», pelo que preconiza que montantes idênticos sejam dados aos agricultores.

«Indicando-lhes que tipo de produção deveriam fazer, seria uma medida certamente mais positiva para o país, para a economia regional e mesmo para as pessoas», considera. Em relação à produção do queijo Serra da Estrela – parte do seu concelho integra a respectiva Região Demarcada de Produção –, Fernando Andrade garante que, «a continuar esta situação, o fabrico artesanal vai desaparecer». Este cepticismo também é extensivo à continuidade das tradicionais festas ou feiras do queijo, que «só ainda não acabaram porque os autarcas conhecem o trabalho e as dificuldades dos produtores, cuja actividade tem que ser muito valorizada dado o seu grande contributo para a economia regional». A realização de uma Feira Regional do Queijo Serra da Estrela até poderia ser viável, «desde que os municípios o quisessem», mas Fernando Andrade considera «um bocado complicado» decidir onde deveria ser feita.

«Cada lutou e fez aquilo que entendeu que devia fazer, só que duplicaram-se investimentos que hoje estão subaproveitados e que, no futuro, mais subaproveitados ficarão porque a população é cada vez menor. A não ser que os nossos conterrâneos que residem nos grandes centros regressem às origens, o que não vejo que seja muito fácil», rematou.

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