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Aumento da água na Covilhã é «medida de cosmética»

Concelhia do PS acusa autarquia de querer tornar a empresa municipal mais atractiva

A concelhia da Covilhã do PS acusa o executivo social-democrata de querer equilibrar as contas da empresa municipal Águas da Covilhã (AdC) com o aumento da tarifa da água, tornando-a assim mais apetecível aos olhos dos privados que estão interessados em adquirir 49 por cento do seu capital social. Os socialistas garantem que o aumento, aprovado recentemente em sessão camarária, é de cerca de 10 por cento, o que para um agregado familiar de quatro pessoas representa um aumento entre 6 e 10 euros na factura mensal.

Vítor Pereira, presidente da concelhia do PS, frisa que este aumento «visa adornar e embelezar a empresa de modo a torná-la mais apetecível neste processo muito complicado, porque se fosse simples já tinha sido feito, de alienação da AdC», realça. Do mesmo modo, considera que perante a situação financeira da edilidade é «tão calamitosa que é preciso realizar capital depressa e esses milhões de euros dão muito jeito para a Câmara poder sair do tal garrote financeiro que habitualmente falamos», reforça. Neste sentido, o também vereador da oposição na autarquia defende que o incremento nas tarifas da água é uma «medida de cosmética interessante e atraente» que «não resolve o passivo, mas que o minora e torna-o em termos contabilísticos mais atraente

para quem quer comprar», reforça. O advogado sustenta que «o caminho não é aumentar o preço da água, mas fazer uma gestão rigorosa, mais exigente e cuidada que eleja como prioritárias a diminuição das perdas e desperdícios de água e a optimização dos factores e dos recursos». Já Pina Simão realça que a AdC apresentava no final de 2006 um resultado operacional «claramente negativo na ordem dos dois milhões de euros e um passivo financeiro de cerca de 10 milhões de euros», resultantes de dívidas da empresa aos seus fornecedores.

De resto, a empresa municipal de águas pagou «cerca de 300 mil euros de juros» só o ano passado, frisa aquele responsável, apoiando-se em contas certificadas pela Sociedade dos Técnicos Oficiais de Contas. Para Pina Simão, «o que se se está a vender não é uma actividade que dê lucro actualmente, mas sim um património» de uma empresa que tem 27 mil clientes», o que é «muita gente», frisa, referindo-se ao negócio da alienação de 49 por cento da AdC. Já José Miguel Oliveira explicou que o aumento de 10 por cento da água foi calculado com base nos dados disponibilizados pela AdC na Internet, falando ainda em incrementos na ordem dos 13, 11 e 16 por cento nos casos, respectivamente, dos resíduos sólidos urbanos, drenagem de esgotos e conservação e tratamento de esgotos. Recorde-se que o aumento do preço da água para consumidores domésticos foi aprovado pela Câmara da Covilhã na reunião do executivo do início deste mês e que na ocasião o vice-presidente de autarquia, João Esgalhado, justificou a actualização dos preços com a necessidade de assegurar rigor na gestão da empresa, aproximando as receitas dos custos.

Ricardo Cordeiro

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