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Atrasos nas verbas do Polis vão «complicar» gestão financeira do município

Dívida de 3 milhões de euros à Câmara da Covilhã poderá inviabilizar obras se as transferências não forem feitas em 2004

A obra de referência do PolisCovilhã foi lançada no último sábado, numa cerimónia simbólica que assinalou o arranque de uma intervenção «muito importante» para o concelho, nomeadamente para os moradores da zona Sul da cidade que poderão passar a desfrutar, a partir de Setembro do próximo ano, do maior «jardim da cidade».

No entanto, no dia em que lançou a primeira pedra do Jardim do Lago, Carlos Pinto confessou que os atrasos nas transferências das verbas do Programa Polis para as sociedades gestoras vai «atrasar» e criar «problemas complicados de gestão financeira» à autarquia. «A Câmara tem projectos que estão em curso e, subitamente, depara-se com o incumprimento da parte do Estado», critica o autarca, recordando que «passámos este ano todo sem um único tostão do Estado».

Em dívida estão três milhões de euros que poderão «inviabilizar as obras» se em 2004 a Câmara da Covilhã não receber as verbas deste ano que se encontram em atraso e as do próximo ano. É que até agora, as obras do PolisCovilhã foram lançadas graças a um «grande esforço» da tesouraria da Câmara. «Espero que a ministra das Finanças cumpra com rigor os compromissos internos, tal como está a cumprir os externos», avisa o edil, até porque o constante atraso das verbas está a atingir os «limites». A lançar actualmente «todas as obras» do Polis, o autarca covilhanense pondera «atrasar» apenas a ligação da ponte Mártir-in-Colo ao cimo da Calçada Alta até que «se defina a recuperação das verbas». De resto, as restantes intervenções continuarão, por enquanto, a ser executadas através do financiamento camarário, que já recorreu à banca para poder levar a cabo as obras em curso. A Rotunda e Jardim do Rato – situada junto ao Pólo central da Universidade da Beira Interior (UBI) – que deverá ficar pronta em meados do próximo ano, por 1,2 milhões de euros, e o Jardim do Lago são as obras que decorrerão nos próximos meses, se bem que a autarquia esteja ainda a pensar lançar em breve o concurso público para a Ponte Mártir-in-Colo e os estacionamentos do Parque da Goldra.

Na lista dos próximos concursos estão também o Jardim do Rodrigo, a iluminação das Pontes dos Oito Arcos e da Ponte do Ferro, as avenidas de ligação (via de acesso ao silo auto da UBI, via de ligação da Rua da Saudade e rotunda do Rato, avenida do Biribau e ligação da UBI, via de ligação entre a Barroca do Lobo e o Sineiro), pontes pedonais, escadas mecânicas, entre outros projectos. Obras que ainda não estão a ser efectuadas, mas que Pinto acredita ficarem prontas antes do “countdown” chegar ao fim. Da autoria do arquitecto paisagista Luís Cabral, o Jardim do Lago será o maior espaço verde da cidade e terá um lago artificial com 120 metros de comprimento para barcos de recreio, um restaurante, um auditório ao ar livre, uma esplanada, parques infantil e juvenil, espaços para o lazer, desporto, passeio pedonal e para o convívio, onde se «poderá realizar espectáculos lindíssimos com um espelho de água como fundo», salienta o autarca. Uma realidade só possível através a colocação da ribeira da Goldra à superfície, que se encontrava entubada há mais de 50 anos e com 120 metros de profundidade. A envolver o lago estarão várias espécies vegetais, como castanheiros, carvalhos e tulipeiros, bem como ilhas biombo onde crescem liras dos charcos, nenúfares e outras plantas aquáticas. O jardim do lago vai se situar entre a Central de Camionagem e a estação de caminhos-de-ferro, sendo um investimento na ordem dos 1,8 milhões de euros.

Liliana Correia

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