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ASTA produz peça de teatro na Internet

Projecto “Teatro Virtual” arranca a 20 de Dezembro com a discussão de um tema por semana no ciberespaço

A Associação de Teatro e Outras Artes (ASTA) promete revolucionar a concepção tradicional de fazer teatro no próximo dia 20 de Outubro com a criação de uma peça de teatro pela Internet. Durante oito semanas, de quarta a sexta-feira, das 21h30 às 0h30, todos os participantes poderão intervir no “Teatro Virtual” sobre um tema definido para cada semana. Basta apenas um registo no site www.teatrovirtual.net para dar início ao texto dramático que originará um filme vídeo e multimédia de cerca de 30 minutos com actores reais.

O “Teatro Virtual” deverá estar disponível a partir de 15 de Abril de 2005 no referido site para que os participantes possam ver o resultado de um trabalho que terá obrigatoriamente que abordar o papel da tecnologia nos dias actuais. O projecto, inédito em Portugal, envolve um investimento total de 78 mil euros e é apoiado em 60 por cento pelo Programa Operacional da Cultura (POC). «Embora já se tenham feito experiências de fusão de representação com novas tecnologias, nenhum trabalho anterior foi um processo tão amplo como este e, em termos teatrais, não tenho conhecimento de nada assim», sustentou António Abernú, director da companhia semi-profissional numa conferência de imprensa on-line, que decorreu ao mesmo tempo no Porto, Lisboa, Fundão, Covilhã e Sarajevo através do “chat” do Teatro Virtual. Recorde-se que o escritor Rui Zink também já tinha aderido a um portal para escrever o primeiro romance electrónico (e-book) intitulado “O Surfista”. Uma tarefa que o “obrigou” a escrever um capítulo por cada dia e meio para que os seus leitores o completassem.

Com o “Teatro Virtual”, o processo é semelhante, se bem que aqui a história é «um mistério» tendo em conta que serão os leitores a “escrever” a peça com as opiniões que debatem em cada dia acerca de um tema. «Ainda está tudo no ar e não sabemos o que vai resultar. E isso é um desafio, porque estamos a fazer uma coisa que é completamente nova em Portugal», completou Rui Pires, da Asta. Para além de ser «uma reflexão sobre os nossos dias e a forma como as novas tecnologias estão a afectar as nossas vidas», o projecto resulta também da vontade de «desmistificar a arte, nomeadamente o teatro, e levá-lo até ao público mais novo», frisou António Abernú. A iniciativa vai desenrolar-se em quatro fases distintas. A primeira decorre no ciberespaço até 10 de Dezembro, com o objectivo de discutir “(Teatro) Virtual”, “Textos e Linguagens”, “Internet como Televisão”, “Se não houvesse telemóveis”, “Humanismo das Tecnologias”, “Arte na Televisão”, “Novas Gerações” e “Futuros”. No final de cada dia, o moderador do “chat” faz um resumo diário da conversa e no final da semana será feito um resumo semanal que estará on-line para que os participantes não percam “o fio à meada”. «Dessa forma, o processo de criação do texto será interactivo e democrático. As pessoas poderão opinar sobre o que se vai escrevendo e isso será levado em conta na reescrita do texto final», acrescenta Abernú.

A 20 de Dezembro, o texto terá que estar construído para se proceder aos ensaios em Janeiro de 2005, ao mesmo tempo que decorrerá um concurso on-line para propostas de construção dos cenários, figurinos, adereços e banda sonora. A 15 de Abril, o filme estará pronto e disponível na Internet. A montagem e todo o suporte técnico está a cargo da empresa Assec Sim, da Covilhã. «Mas apesar do suporte tecnológico estar na Covilhã, tudo o resto irá funcionar num ciberespaço», sublinha Orlando Paraíba, da Assec.

Liliana Correia

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