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Associação Portuguesa para o Investimento quer dar escala ao Vale do Douro

Plano de Desenvolvimento Turístico da região aposta num mercado potencial de 140 milhões de visitas anuais

O turismo no Vale do Douro esteve em debate, no último sábado, em S. João da Pesqueira, num seminário organizado pela Agência Portuguesa para o Investimento (API), apostada em rentabilizar os recursos vitícolas locais a favor da actividade. Um encontro que integrou a “Vindouro 2003 – Festa da Vinha e do Vinho do Douro” e onde o vice-presidente da API, Costa Lima, informou que o Vale do Douro tem, a nível mundial, «um mercado potencial de 140 milhões de viagens turísticas» anuais. Mas, apesar das «enormes potencialidades» da região, que é Património Mundial da Humanidade, o fluxo de turistas ainda «não tem escala».

Uma realidade que a API quer inverter em dez anos, através do Projecto Turismo no Vale do Douro, apresentado há poucos meses no Fórum de Embaixadores no Pinhão, onde a Associação adiantou que poderá disponibilizar 650 milhões de euros para projectos turísticos naquela região. Costa Lima afirmou ainda, perante uma plateia maioritariamente de empresários turísticos, que dos potenciais 140 milhões de turistas, destacam-se os alemães (68,1 por cento) e os ingleses (60,2 por cento). E foi mais longe, salientando que na origem do reduzido turismo daquela zona nobre do país estão as «escassas» estruturas de alojamento, a restauração «vocacionada para o mercado local» e o serviço de transportes públicos, baseado em autocarros «desconfortáveis». «Sem estruturas não há turismo» e vice-versa, frisou o vice-presidente da API, somando ainda àquelas condições o desconhecimento geral dos recursos da região, dificuldades de acesso, fraca oferta cultural e turística e recursos humanos pouco qualificados.

Costa Lima referiu-se ainda ao número de camas existentes na região. Entre 1990 e 2000, esse índice cresceu três por cento, por isso e a continuar assim «só daqui a 50 anos seria um grande destino turístico», estimou o responsável. De forma a cativar potenciais investidores e promotores, estão já a ser feitas acções de promoção em vários países.

Além disso, a API possui um programa de atracção de investidores nacionais ou estrangeiros que visa criar “empreendimentos-âncora” com «dimensão adequada à qualidade e à procura potencial» e tipificados como “open resort” aberto e integrado na região. O objectivo é torná-la num pólo turístico de qualidade, integrando um hotel, um aldeamento turístico, imobiliário e equipamentos complementares como campo de golfe e “SPA”. Com o «braço do capital de risco», a Associação Portuguesa para o Investimento disponibilizará ainda verbas para investimentos de menor dimensão, como espaços de animação e serviços turísticos. O projecto (ver edição de “O Interior” do dia 17 de Julho último) conta com o apoio «total» do Governo, que já aprovou o Plano de Desenvolvimento Turístico no Vale do Douro por se tratar de uma zona de «excepcional aptidão e vocação turística». O plano deve ser apresentado até final deste ano, para que, no horizonte 2004/07, haja capacidade e meios financeiros para garantir esses investimentos. Costa Lima disse ainda que os investimentos públicos deverão incluir melhorias nas acessibilidades, dinamização da formação hoteleira e turismo, medidas de promoção e animação turística e incentivos fiscais.

Rita Lopes

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