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Associação de Pais

“A cultura forma sábios, a educação, homens” (Louis-Gabriel-Ambroise, Visconde de Bonald (1754-1840) filósofo francês adversário do iluminismo e da teoria política em que se baseou a Revolução Francesa)

Quando estudei no Colégio Universitário Pio XII, em Lisboa, o nosso Diretor, o Padre Joaquim António de Aguiar, a propósito das inevitáveis rebeldias de jovens universitários, que aliás aceitava com inigualável bonomia, deixava claro, em casos de manifesto excesso, que naquela casa não se dava educação, mas sim formação, já que a educação tinha que vir de casa. De facto esta é uma verdade que vemos cada vez mais afastada da realidade das nossas escolas.

Sabemos que nem todas as casas são lares, nem que todos os ambientes familiares são adequados à promoção da educação; sabemos que a chamada vida moderna priva as famílias do convívio saudável ou que o reduz a limites jamais atingidos; sabemos que a justa aspiração a atingirmos um nível socioeconómico superior e uma qualidade de vida maior é quase sempre um factor potenciador de afastamento entre pais e filhos, já que obriga a mais horas de trabalho e maiores níveis de dedicação à vida profissional, implicando, tantas e tantas vezes, o próprio afastamento físico, fruto de deslocalizações por longos períodos de tempo.

Mas será que estas realidades podem de alguma forma servir de desculpa à realidade perturbadora da crescente falta de educação de que ouvimos professores e funcionários das escolas darem frequentes queixas?

Será que servem de justificação para os comportamentos ditos desviantes, tais como o consumo de substâncias ilícitas, como drogas e álcool?

Francamente, parece claro que nos deparamos com uma realidade em que os agentes envolvidos com na realidade escolar têm dificuldade em lidar com as ditas “faltas de educação”. Os que trabalham dentro da escola porque estão cansados e não vislumbram novidades capazes de lhes proporcionar mais capacidade de intervenção e os pais porque, na maioria das vezes, desconhecem factos e/ou agem de forma emotiva na defesa, por vezes exagerada e desadequada dos seus filhos, por acharem que são inocentes ou por não quererem assumir, clara e frontalmente, que não estão sendo capazes de dar educação.

Os pais devem continuar a “fazer” homens e mulheres, deitando mão aos meios que entenderem necessários, recorrendo a entidades competentes para os auxiliar, aproximando-se da escola para deste modo conhecerem as opiniões dos professores, protegendo os filhos, mas criando regras de disciplina e margens de liberdade – a imprescindível liberdade que cria a consequente responsabilidade – em suma, deviam gastar mais tempo a educar, deixando aos professores a missão que lhes incumbe de formar sábios ou pelo menos tentar.

Luís Salvador Fernandes, Presidente da Assoc. Pais da ESAA

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