Cerca de 50 modelos de aeronaves desfilaram pelos céus e pelo chão do pavilhão da Associação Nacional dos Industriais de Lanifícios (ANIL), no último domingo, naquela que foi a primeira edição do UBI Engenho.
Colocar à prova a criatividade dos alunos e estimulá-los a conceber um avião ou “hovercraft” (veículos anfíbios que se deslocam sobre uma camada de ar) à escala, projectá-lo em programas gráficos tridimensionais, construí-lo e demonstrar a sua funcionalidade foram os objectivos deste concurso dirigido aos estudantes de Electromecânica, Mecânica, Electrotécnica, Têxtil, Produção e Gestão Industrial, Aeronáutica e de Design Industrial. Foram vários os modelos em exposição ou em voo na ANIL, construídos em depron (esferovite prensada), sob uma base comum com regras de comprimento e diâmetros específicos. Os aviões, alguns mais invulgares que outros ou feitos à imagem de verdadeiras relíquias da aviação, como os Spitfires, foram a escolha da maioria dos participantes. De entre os vários engenhos apenas se destacaram quatro “hovercrafts”. O fascínio de os colocar a voar terá motivado a escolha. Mas nem todos conseguiram elevar os engenhos devido a alguns erros de concepção, como os «lemes muito pequenos, a falta de estabilidade e o peso excessivo na parte traseira», referiu João Monteiro, docente da disciplina de Desenho e o responsável pelo evento.
Por isso é que, ao longo do concurso, foram muitos os alunos a corrigirem os erros e a introduzir algumas modificações nas suas aeronaves para um melhor desempenho. Até porque a ideia da iniciativa passava também por testar as capacidades dos estudantes para resolver os problemas e a encontrarem soluções. «Estamos a formar futuros engenheiros e é preciso que eles metam a “mão na massa” rapidamente», observou o docente, para quem a iniciativa foi bastante proveitosa no sentido de se ter ensinado aos alunos as «ferramentas tridimensionais que são estratégicas para o desenvolvimento do país». Para além de os estimular para a disciplina de desenho, a iniciativa – que ocupou os alunos durante o último semestre – tem também a vantagem de os incentivar ao uso das novas tecnologias e, assim, «contribuir para a competitividade do país», refere João Monteiro.
Apesar de não contar para nota – à excepção dos alunos de Desenho Industrial, em que a maquete conta três valores – foram muitos os participantes. Além de testarem os seus dotes de pilotos, o evento ajudou-os a «ter a noção de como se faz um projecto», explicou Filipe Tavares, aluno do primeiro ano de Engenharia Aeronáutica, que confessou ter ficado «mais motivado» para a cadeira. Uma ideia partilhada por Samuel Proença, de Electromecânica, para quem o concurso serviu também para testar as bases mecânicas, de electrotecnia e da automação. A iniciativa deverá repetir-se no próximo ano, assegurou Francisco Brojo, presidente do departamento de Engenharia Electromecânica.
Liliana Correia