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As Urgências

Sou assinante e leitora de “O Interior”, que considero com muito bom nível. Vivo em Valença e fiquei muito surpreendida com o editorial de Luís Baptista-Martins pela forma como fala no caso de Valença.

Aquilo que o artigo de opinião de João Canavilhas fala sobre os relatórios de quem está comodamente instalado no Terreiro do Paço, esquecendo que o Estado tem responsabilidades no combate às assimetrias regionais, fez-me reflectir sobre se o sr. Baptista-Martins conhece esta região…

A questão é que Monção fica a Norte de Valença, cerca de 18 quilómetros, e, portanto, no sentido contrário a Viana do Castelo, onde haverá o Serviço de Urgência Polivalente, e assim poderá um doente andar de Valença para Monção e logo de Monção para Viana, passando de novo por Valença?

Temos de considerar várias vertentes que são importantes nas Urgências, tais como: Valença tem duas pontes internacionais e uma auto-estrada por onde passam, durante a noite, muitos carros e camiões. Monção não tem este movimento. O Centro de Saúde de Valença já está ligado ao hospital de Vila Nova de Gaia para socorro e estabilidade dos doentes cardíacos antes de serem transportados para um Centro Cardíaco, e possui, segundo sei, serviços de radiologia e outros. O número de urgências de Monção é em média 9, porque recebe as urgências de Melgaço, que, de outro modo, só fariam mais 18 km para Valença. Mas mesmo essas médias têm de ser estudadas porque dependem muito da psicologia da população que a elas ocorre e que nem sempre se justificam. Não bastam números.

Eu sei que o Governo não deve voltar atrás e que a resolução está tomada com o mapa nos joelhos, tal como fazem para a colocação dos supermercados.

Mas então porque veio o ministro a Valença em finais de Março, verificando a centralidade de Valença? E porque aceitou que se iniciassem as obras para a realização de um SUB? E porque o passou, mais tarde, para Monção? Será influência político-partidária?

Não podemos esquecer que pela fronteira de Valença passaram 7.994.720 pessoas/ano, segundo os valores do Observatório Transfronteiriço Portugal/Espanha em 2003 (Boletim Municipal de Dezembro de 2006).

Valença possui, ainda, caminhos-de-ferro com passagem a Espanha e, se pensam modernizar as redes ferroviárias, é aqui que os comboios passam. Monção já não tem comboios há imenso tempo.

Como vê, sr. Baptista-Martins, Valença justifica as urgências que ficariam muito mais centrais à população do Alto Minho.

Fernanda Paíto, Valença

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