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As maiores empresas

Editorial

Mais uma vez, nesta edição apresentamos o ranking das 50 maiores empresas dos distritos de Castelo Branco e da Guarda. São as 50 empresas que mais faturaram em 2015, nos respetivos distritos, de acordo com os dados oficiais e plasmados nas respetivas contabilidades (publicadas na IES – Informação Empresarial Simplificada, à data de 31 de dezembro de 2015).

Muito para além daquilo que nos “parece”, quando falamos das empresas, do despovoamento, da (in)capacidade de atração de investimentos ou do emprego, conhecer a dinâmica e a dimensão empresarial nos nossos distritos é importante para percebermos o sentido da nossa economia. Numa região com poucas grandes empresas e um claro predomínio das microempresas e PME’s, destacam-se, naturalmente, as poucas que têm dimensão e é importante saber quem mais contribuiu para o desenvolvimento social e económico da região e também para as exportações – este jornal surpreendeu os leitores na edição de 26 de janeiro ao revelar que a «Guarda é o concelho que mais exporta na região» e ao revelar que o peso das exportações era, essencialmente, motivado pelas exportações da Coficab e, a grande distância, pela Dura e pela ACI Automotive (na verdade, nos dados do INE apenas estão refletidos os valores das exportações por concelho e para se saber quais as empresas que contribuem para os 250 milhões de euros de exportações do concelho é preciso ir ver os valores de vendas por empresa, como nós fizemos).

No Ranking das 50 maiores empresas do distrito da Guarda, a maior empresa, no ano de 2015, foi a “Águas de Lisboa e Vale do Tejo”, com uma faturação de 242 milhões de euros. Porém, por se tratar de uma empresa que foi sedeada “politicamente” na Guarda mas cuja dimensão e funcionamento vai muito para além do concelho e os seus quase 500 trabalhadores laboram em muitos outros concelhos, especialmente no de Lisboa, o impacto social e económico desta empresa no distrito é menos do que a liderança das maiores empresas pressupõe – mas relevante em termos fiscais. E que, entretanto, foi reestruturada e dividida (por decisão política).

A segunda maior empresa do distrito é a Coficab, que liderava o ranking no ano anterior. Emprega em Vale de Estrela cerca de 450 trabalhadores e faturou 220 milhões de euros, dos quais cerca de 95% foram em exportações. Por isso, entrevistámos João Cardoso, o diretor-geral da Coficab e que é, não apenas o rosto do sucesso da maior empresa industrial da região, mas também o homem que está por detrás do crescimento e afirmação da Coficab Portugal. Para João Cardoso, a Coficab terá já atingido o seu zénite na Guarda e nos próximos anos dificilmente poderá crescer mais. E conclui que passámos do «tempo em que não havia empresas para fixar pessoas na região, para um tempo em que não há pessoas para fixar empresas na região». Esta conclusão é porventura o maior problema com que nos iremos debater nos próximos anos: mesmo que se consigam atrair empresas, os jovens já partiram e, em breve, não haverá pessoas para trabalhar. Parece estranho que se possa dizer isto, mas o despovoamento é um facto e se com muita urgência não se criarem postos de trabalho que fixem as pessoas, em breve já não fará sentido tentar atrair empresas porque não haverá mão-de-obra na região.

Luis Baptista-Martins

Comentários dos nossos leitores
filipa filipa.ferreira.ppa@live.com.pt
Comentário:
Não há pessoas? Para trabalhar nas empresas? Não devemos viver na mesma cidade!!
 

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