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As impotências mundiais

«Democracia é o sistema que permite aos povos escolher livremente… quem os ocidentais querem! Será difícil de entender? Ou serão precisas mais bombas?»

O mundo ocidental sempre foi muito generoso. Se há coisa que não lhe interessa sãos os bens materiais, mas sim os valores humanistas. Em tempos, colonizou povos. Não para ter ouro, especiarias ou escravos – como dizem as más-línguas –, mas sim para criar condições para o seu desenvolvimento. E, sobretudo, para levar a palavra de Deus e a eterna salvação. Nos tempos que correm, mantem-se o mesmo espírito altruísta. Pela força das armas e da estratégia internacional concertada dos povos mais ricos, também submeteu povos a novos ditames. As más linguas falam de novo em ouro, gás, petróleo. Mas é mentira. O que o move são os Direitos Humanos e a implementação da… Democracia.

Como alguém disse, a Democracia não é um sistema perfeito, mas é o melhor que temos. Basta ir fazendo uns ajustes, diz-se. E é nos ajustes que se vai tornado a Democracia imperfeita, acrescento eu. E nós, ocidentais, que ainda anda não temos o sentido pleno da Democracia, achamos que já a podemos exportar e impor aos outros países, a outros hemisférios, a outras culturas.

Acontece que há povos que, além de mal agradecidos, são maus alunos. Para aprenderem, é preciso “obrigá-los a ir às aulas”, impondo bloqueios económicos, sansões internacionais ou mesmo uns bombardeios, de vez em quando.

E quando parece que aprenderam, e conseguimos que façam eleições livres, escolhem as pessoas erradas. Veja-se o que aconteceu na Argélia, no Afganistão ou, recentemente, na Palestina. Não parecem compreender que a sua liberdade acaba onde começa a nossa liberdade, pelo que, Democracia é o sistema que permite aos povos escolher livremente…quem os ocidentais querem! Será difícil de entender? Ou serão precisas mais bombas?

Claro que há outros países que parecem não compreender estas lições de Democracia. Mas o problema é que eles… também têm bombas! Assim, é recomendado que lhes dêmos as “explicações” com mais cuidado. Já não vamos lá invadir o território. Não. Em países como o Irão, Coreia do Norte ou China, pedimos desculpa por incomodar. Perguntamos se querem que passemos mais tarde. Se podemos das lições por correio.

Não fazemos bloqueios económicos à China – não somos tontos. Nem nos metemos com o Irão – que fiquem lá na paz de Alá e Maomé. Nem fazemos birras com a Coreia – porque até o ocidente tem um buraco ao fundo das costas.

Afinal, somos muito fortes com os pequenos. Gente simples que vive quase na Idade Média. Contra estes, as Grande Potências Internacionais tudo podem. Contra os outros, as coisas são diferentes e o mundo fica pasmado perante as grandes… Impotências Mundiais.

Como o bêbado que, por não ser capaz de enfrentar o chefe, chega a casa e bate na mulher e nos filhos, sempre podemos acalmar a nossa revolta ocidental espancando umas crianças no Iraque ou torturando uns árabes em prisões clandestinas. Tudo em nome dos Direitos Humanos e é claro… da Democracia!

23.02.2006

Por: João Morgado

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