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As expectativas goradas

Crónica Política

Na Guarda, em que a Plataforma Logística (PLIE) se nos depara uma cidade (iluminada) durante a noite e um descampado durante o dia e, onde no último fim de semana os trabalhadores do Hotel Turismo ficaram no desemprego, apesar das declarações de satisfação da última gerente desta unidade hoteleira, foi anunciada com pompa, e circunstância propagandística, a criação de 250 postos de trabalho no denominado Call Center da Guarda.

Como noticiava o Jornal Nova Guarda na edição de 23/09/2009 “… A Câmara da Guarda e a Adecco celebraram um protocolo para implementação de um Centro de Suporte a Clientes e Negócios. O ‘contact center’, que representará um investimento de 800 mil euros e promete criar 250 empregos directos, vai ficar instalado no Parque Municipal da Cidade. A entrada em funcionamento está prevista para Janeiro do próximo ano (ou seja Janeiro de 2010)…”

E no Jornal A Guarda, da mesma semana, era noticiado que “… A autarquia decidiu investir entre 300 a 350 mil euros na adaptação dos espaços que vão ser ocupados pela empresa, sendo que no futuro “receberá uma renda mensal actualizável e progressiva”. Indicou que as obras de adaptação “iniciar-se-ão rapidamente”, mostrando-se convicto que estarão concluídas “dentro de três meses”, admitindo que o investimento dará “mais vida” à cidade e originará “um local de trabalho aprazível”.

Foi justificado o apoio dado pela autarquia, com a necessidade de criar novos postos de trabalho na cidade, considerando que neste processo “foi acautelado o interesse público com a criação de 250 empregos”.

Não fosse o momento pré-eleitoral destes anúncios e teríamos o início da resolução dos problemas do emprego na Guarda, emergentes do encerramento da Delphi e ao atraso na implementação da PLIE.

Volvido mais de um ano, verifica-se que a Câmara dispôs de uma equipamento público em benefício de uma empresa privada, sem que as contrapartidas de criação de emprego se tenham verificado e a normal afectação de uma espaço público como o Parque Municipal ficou condicionada e refém de um protocolo sem qualquer mais valia visível.

Importa questionar:

Qual a compensação para o investimento municipal superior a 300 mil Euros?

Que empregos e com que estabilidade foram garantidos para os cidadãos da Guarda? (dizem-me que serão menos de 20, em situação precária e condicionados por objectivos).

Qual a renda progressiva auferida pela autarquia?

Como ficou garantido o retorno do investimento municipal superior a 300.000 Euros? Quando e como foi aprovada?

Por quanto tempo foi contratualizada a cedência daquele espaço?

Qual o critério para a instalação de uma empresa privada à custa dos bens municipais?

A resposta a estas e outras questões continuam adiadas e o desenvolvimento da Guarda e do seu concelho não vêem a concretização correspondente aos compromissos e gastos efectuados pela autarquia.

Por: Manuel Rodrigues *

* presidente da concelhia da Guarda do PSD

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