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ARS anula concurso público do novo Centro de Saúde de Figueira de Castelo Rodrigo

Ordem dos Arquitectos impugnou acto alegando violação do princípio da concorrência

Um pedido de impugnação interposto no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Lisboa pela Ordem dos Arquitectos (OA) levou a Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro a anular no final de Julho o concurso público do novo Centro de Saúde de Figueira de Castelo Rodrigo. Em causa estavam os critérios de adjudicação da concepção do projecto que, segundo a OA, violavam o disposto no Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho – que estabelece as regras de contratação pública de bens e serviços -, quanto à observância dos princípios da legalidade, transparência e concorrência.

Aberto há cerca de dois meses, o concurso estipulava que o preço (55 por cento) e a avaliação curricular (45 por cento) eram os dois critérios principais para a selecção do co-contratante. Ora, para a Ordem, tal permitiria que se atendesse a «elementos subjectivos» na selecção da melhor proposta contrariando a legislação comunitária e nacional em vigor, que define não se poderem tomar em consideração factores subjectivos (avaliação curricular) na selecção dos concorrentes. «Ao actuar de forma contrária à legislação, a ARS do Centro estava a conferir uma situação de privilégio aos profissionais de superior aptidão técnica, ainda que em concreto o mérito das propostas destes profissionais pudesse ser inferior ao dos outros concorrentes, às quais todavia fora reconhecida a necessária aptidão para o concurso», sustenta em comunicado, receando que tal procedimento pudesse «abrir caminho para que muitos concursos sejam dirigidos exclusivamente para estes profissionais, violando o princípio da concorrência». Esta decisão vem dar «pertinência» aos argumentos invocados e já levou o organismo máximo dos arquitectos portugueses a desistir da acção judicial no TAF. Entretanto, aguarda-se que a ARS Centro abra um novo concurso público após a correcção das ilegalidades detectadas.

A construção do novo Centro de Saúde de Figueira de Castelo Rodrigo foi anunciada em Outubro de 2002 e ratificada no ano seguinte com a assinatura de um protocolo entre o Ministério da Saúde e o município. O objectivo é construir um edifício de raiz, num terreno cedido pela autarquia, para colmatar a exiguidade das actuais instalações e garantir melhores condições de trabalho aos seus profissionais. Esta empreitada, cujos valores ainda não são conhecidos, está integrada num plano da ARS Centro para a construção ou remodelação de seis unidades de saúde no distrito da Guarda (Gouveia, Guarda, Manteigas, Pinhel, Sabugal e Figueira de Castelo Rodrigo) que envolve um investimento estimado em 11 milhões de euros, conforme anunciou Luís Filipe Pereira, ministro da Saúde, em Março do ano passado.

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