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Arribas

mitocôndrias e quasares

O lamentável acidente ocorrido na Praia Maria Luísa, em Albufeira, com a derrocada parcial da arriba central daquela praia, desperta-nos para um problema que afecta a costa portuguesa e que, num futuro próximo, irá acentuar-se – a erosão da costa. Trata-se de um problema grave que, para além das perdas ambientais, pode também trazer perdas humanas como, infelizmente, se verificou nesta situação.

Uma Arriba é uma zona rochosa que contacta directamente com o mar, coincidindo com os locais de rochas como o granito, o xisto e o calcário, sendo mais alta quando o material dominante é o calcário. No caso específico da praia algarvia, esta arriba é caracterizada pela sua constituição frágil. Estas arribas areníticas (pouco consolidadas) apresentam-se frequentemente muito instáveis face à erosão activa, quer na base por acção do mar, cada vez mais insidiosa face ao recuo do litoral, mas, igualmente, na sua crista, por acção directa do Homem, através da ocupação com construções pesadas e consequente destruição da vegetação natural, impermeabilização e favorecimento da formação de ravinamentos (barrancos) por drenagem de águas provenientes de piscinas e espaços ajardinados.

Contudo, este problema não diz respeito apenas à região algarvia, estando mais de 60 % da costa portuguesa em processo de erosão crescente, sendo esta a consequência de uma pressão urbanística sobre o litoral que acentua a degradação. As centenas de casas que se construíram e continuam a construir em cima das arribas, locais instáveis e sem protecção, contribuem para a destruição do espaço natural.

Esta erosão da costa tem consequências a vários níveis ambientais e humanos. A própria União Europeia refere um estudo em que esta erosão poderá pôr em causa a segurança da população que reside em zonas costeiras. Em termos ambientais, verifica-se uma destruição de habitats com valor ecológico, difíceis de quantificar, uma vez que toda a biodiversidade e ecossistemas associados a esses habitats serão perdidos irremediavelmente.

Mas o que fazer para evitar estas erosões?

Para suster esses avanços constroem-se esporões, dunas artificiais, investem-se milhões de euros em enchimentos artificiais de areia e em enroncamentos que tentam impedir a fúria destruidora do mar. Porém, a defesa do litoral é uma batalha muito difícil, senão mesmo perdida, que reflecte o desfasamento de forças e pretensões entre o homem e a natureza.

Uma vez que o combate com a natureza é desigual torna-se pois, fundamental, efectuar um bom ordenamento do território, de modo a que se consiga manter a costa livre de danos de maiores dimensões.

Por: António Costa

Esquema representativo da formação de arribas

Arribas

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