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Aqui o Teatro

Por solicitação deste jornal, a propósito de mais um Dia Mundial do Teatro, segue-se uma breve panorâmica da actividade teatral no distrito. Naturalmente, não terei qualquer propósito em ser exaustivo, até porque é uma realidade da qual possuo um conhecimento lacunar.

Actualmente, a nível distrital, a actividade teatral tem uma carácter predominantemente amador, centrando-se em colectividades de diferente dimensão, expansão, regularidade na produção, meios técnicos disponíveis e formas de organização. Os grupos, na maioria dos casos, têm como suporte colectividades subvencionadas pelas autarquias, outros têm personalidade jurídica e estrutura próprias, outros ainda funcionam junto de empresas municipais.

Com produções actuais, poderei citar os seguintes grupos: Casa do Teatro de Trancoso, Grupo de Teatro “Os Guardiães da Lua”, Teatro da Vaca Fria, G.R.E.T.A. Teatro, Escola Velha -Teatro de Gouveia, Grupo de Teatro do Imaginário, Grupo de Teatro Trânsumante, Grupo de Teatro à Vela, Grupo de Teatro o Noémio, Associação Despertar do Silêncio e, claro está, o Aquilo –Teatro. Naturalmente, haverá mais grupos que, de forma mais ou menos intensa, mais ou menos informal, mantêm a sua actividade, devendo-se a sua omissão ao meu desconhecimento de qualquer levantamento que deles dê conta.

Por outro lado, só alguns destes grupos apresentam uma programação regular de espectáculos, o que pode inclui peças a partir de textos originais, um regime de itinerância, um plano de formação artística, aquisição de meios técnicos próprios, existência de parcerias artísticas ou co-produções com outros grupos ou instituições e ainda de protocolos de cooperação com autarquias. O Aquilo Teatro encontra-se sem dúvida entre estes, embora não disponha de uma estrutura profissional, por razões que são do domínio público e que se podem enquadrar em três ordens de razões: logísticas, financeiras e humanas. É ainda o único grupo teatral organizado sob a forma de cooperativa e cuja actividade inclui a edição de livros (a maioria textos dramáticos), revistas e obras musicais.

Noutro ponto de vista, a actividade de alguns grupos centra-se na reconstituição cénica de tradições ou acontecimentos locais, efectuada pela própria população, ou, porque a instituição a que estão ligados tem uma vocação específica (educacional, terapêutica, por exemplo), cingem o seu trabalho a essas áreas (o psicodrama, p.e.).

Por último, ficam algumas propostas para um plano de acção que, do ponto de vista estratégico e de acordo com a dimensão de cada grupo, ajudaria ao desenvolvimento do teatro na nossa região, combatendo o conhecido centralismo cultural do nosso país:

1. Intensificação de parcerias e intercâmbios entre os vários grupos, inter-ajuda e criação de redes informais de circulação e produção artística;

2. Alinhamento das diferentes propostas artísticas locais no itinerário cultural nacional, mediante uma ampla divulgação, segundo padrões de qualidade e a partir de um investimento consistente na formação técnica e artística;

3. Gerar recursos de forma diversificada, procurando atrair os patrocínios locais, angariando receitas com actividades complementares e, sobretudo, potenciando as parcerias com as Câmaras locais e outros organismos públicos.

António Godinho, Presidente da Direcção do Aquilo-Teatro

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