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Aquecimento Global – Uma verdade inconveniente

Chegou-me às mãos um documentário em que mais um cavaleiro solitário nos apresenta um problema de que muita gente ouviu falar, mas que poucos já interiorizaram. Esse cavaleiro é Al Gore, o candidato derrotado pelo outro, cujo nome nem quero reproduzir, à presidência dos EUA. Neste excelente documentário/filme de 90 minutos, Al Gore, de um modo muito eficiente, dá uma aula em que vai construindo e desmistificando a problemática do Aquecimento Global.

Como professor tenho tido a curiosidade de me informar sobre este tema, tenho visto alguns documentários de primeira linha, mas este deixou-me vidrado, do primeiro ao último minuto, pelo seu carácter “Cry for Earth”. Em “The Inconvenient Truth”, Al Gore desmonta, constrói, demonstra, questiona, elucida, preocupa-se, preocupa-nos, choca-nos e apela à união de todos para a resolução deste problema. Diz-nos o que podemos fazer para reduzir a nossa “pegada ecológica”, mostra-nos fotografias de glaciares por todo o mundo no modo “antes” e “actualmente”, alerta para a alteração da dinâmica da Corrente do Golfo (que trará, paradoxalmente, uma nova era glaciar à Europa) e para a subida do nível dos oceanos em alguns metros. Prognostica as grandes catástrofes naturais que se avizinham e o drama das centenas de milhões de desalojados que daí resultarão. Enfim, encosta-nos à parede e acorda-nos para este pesadelo em crescendo, para este cenário dantesco que se aproxima a passos rápidos, segundo as estimativas, daqui a duas décadas!

É assustador mas será uma realidade num curto espaço de tempo se a humanidade não se unir! Os melhores entre os melhores demonstram com modelos matemáticos o que nos espera, citam dados impressos nos gelos da Antártida com 650.000 anos os quais demonstram que NUNCA neste período de tempo a Terra esteve tão quente; NUNCA os níveis de dióxido de carbono (principal gás responsável pelo efeito de estufa) estiveram tão elevados; NUNCA o degelo foi tão acelerado e não há qualquer dúvida acerca dos culpados: os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento com as suas emissões de dióxido de carbono.

E se Al Gore tivesse ganho as malditas eleições ao outro? Talvez as coisas tivessem começado a mudar há sete anos. SETE anos são muito tempo. Com sete anos de políticas de redução de CO2 talvez as possibilidades para o nosso planeta estivessem a inverter-se; talvez os EUA já tivessem ratificado o Protocolo de Quioto, juntamente com os australianos; talvez não tivessem invadido o Iraque na busca incessante de petróleo; talvez tivessem investido o dinheiro da guerra na busca e aperfeiçoamento de fontes de energia mais limpas; talvez tivéssemos um mundo com menos terrorismo; talvez… talvez… talvez! Recordo-me do livro de Richard Bach, “Um infinito”, em que a personagem se vai encontrando em encruzilhadas ao longo da sua vida, vai tomando decisões e, no final, vai falar perante uma assembleia cujas pessoas são ele próprio, reproduzido tantas vezes quantas as encruzilhadas e decisões que teve que tomar.

A eleição e a reeleição do tal indivíduo e a derrota de Gore foram más decisões dos americanos numa dessas encruzilhadas e essas decisões tiveram consequências para a humanidade. Cerca de 35% de todo o dióxido de carbono emitido para a atmosfera vem dos Estados Unidos da América. A “pegada ecológica” de cada americano, i.e., o impacto sobre o ecossistema que cada um tem como consumidor, é tão grande como a de um sul-americano, um africano e um asiático juntos.

Um gesto claro no sentido da redução dos gases com efeito de estufa, por parte de um presidente que se preocupasse com o futuro do planeta, seria de grande utilidade e eu fiquei com a sensação, ao vê-lo falar, de que Al Gore seria “the one”, “o tal”, e que TODOS ficámos a perder com a sua derrota. Já agora um site a visitar acerca desta problemática: www.climatecrisis.net .

Por: José Carlos Lopes

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