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Aprovado plano de recuperação das águas Glaciar

Assembleia de Credores da empresa de Manteigas aprovou documento por maioria

Depois de dois adiamentos, o plano de recuperação da Da Nascente – Águas de Mesa de Manteigas, proprietária da Glaciar, foi finalmente aprovado, na passada quinta-feira, no Tribunal da Guarda. A Assembleia de Credores da empresa, que tem um passivo de cerca de 14 milhões de euros e mais de 100 credores, aprovou as modificações propostas ao documento elaborado por um técnico da BDO & Associados, empresa de auditoria, assessoria fiscal e consultoria, sediada em Lisboa.

A situação deixou satisfeito Carlos Gomes, que já não é administrador da Águas Glaciar desde que o tribunal obrigou a Da Nascente a declarar insolvência financeira no ano passado. «Foi assegurada a continuidade da empresa, o que é muito importante para o concelho de Manteigas, pois o seu encerramento seria um rude golpe, já que, juntamente com a Câmara, é um dos maiores empregadores», disse. Agora, terá que ser encontrada uma nova administração, que deverá ser nomeada pelos principais credores da firma serrana: a Caixa Geral de Depósitos e a Aquaplásticos, autora do pedido de insolvência por considerar que a empresa de Manteigas já não tinha condições para lhe pagar uma dívida resultante do fornecimento de garrafas, que ascende a 2,3 milhões de euros. “O Interior” tentou contactar o administrador daquela empresa da Marinha Grande, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter quaisquer esclarecimentos sobre esta matéria. Na edição de 15 de Fevereiro foram apontadas algumas das medidas propostas no documento elaborado por Paulo Ferreira Alves, da BDO.

Eram indicados três passos fundamentais para garantir a viabilidade da empresa: a redução do capital social a zero, a diminuição do crédito e também a possibilidade dos maiores credores converterem o montante das dívidas em capital social. A manutenção dos postos de trabalho dos cerca de 50 funcionários da fábrica de Manteigas é que parece não estar em perigo, uma vez que até está prevista a expansão da unidade. Entretanto, na reunião de dia 9, o executivo da Câmara de Manteigas aprovou por unanimidade uma proposta que contém várias medidas de modo a serem encontradas «as soluções mais adequadas e fiáveis para a recuperação e manutenção» da Da Nascente. Assim, a autarquia disponibilizou-se a cooperar, alargando o período de carência, além dos 10 anos do contrato inicial, até 2009, bem como a fixar custos por metro cúbico de água por um valor diferente do contrato inicial, que era de 2,50 euros, «o que inviabilizaria o negócio».

Nesse sentido, o município compromete-se a «cobrar o mesmo valor» que paga ao Sistema Multimunicipal da Águas do Zêzere e Côa pelo abastecimento de água em alta, ou seja, cerca de 49 cêntimos por metro cúbico. Para o executivo, liderado por José Manuel Biscaia, esta é uma solução «razoável e objectiva». A edilidade serrana entende que a água é um «bem escasso, com tendência a aumentar a escassez, um produto de primeiríssima necessidade cuja qualidade em Manteigas tem demonstrada realidade, como a própria firma e mercado reconhecem». De resto, a autarquia não considera que «a componente água, como matéria-prima, seja obstáculo à reabilitação e manutenção da empresa se atentarmos em mais 30 anos de concessão do produto».

Ricardo Cordeiro

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