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Apostemos sem medo no que a diferencia e a torna única

Crónica Política

A nossa cidade carrega uma história densa e longa. Apesar da conjunção dos F’s, há pormenores apaixonantes na vivência de cada um, os guardenses que se embrenham na sua cidade.

A nossa liberdade é conquistada se porventura assimilarmos com um entusiasmo tal a importância da cidadania. Há urgência, há um impulso de mudança face ao contínuo e preocupante alheamento da planificação urbanística. A assimilação de todos os equipamentos, sejam eles culturais, desportivos ou outros no contexto mais vasto da malha urbana. Reconhecer o nosso centro histórico como vital não basta, é necessário cuidar, proteger e valorizar, apesar de todas as dificuldades. Não podemos permitir a facilitação do gosto massificado. A interação de projetos privados com os espaços coletivos públicos deve ser privilegiada.

As estratégias delineadas não singraram, a pouca e envelhecida gente e atividade económica reduzida evidenciam a necessária revitalização do centro histórico. O planeamento urbanístico limita-se a reagir a pretensões particulares, estas sempre centradas na matriz do estrito interesse imobiliário especulativo, mesmo em crise.

A dimensão do ser humano não pode estar continuamente refém do interesse do mercado, este desumanizado. A falta de uma política de habitação social no nosso concelho reproduz dificuldades de sobrevivência de muitas famílias, estas reféns do sector financeiro.

É a crise, dizem os gestores de serviço, justificando-se com a imensa dívida que foram alimentando com os estrangulamentos criados pelo poder central ou mesmo com a mudança dos tempos. Esta cidade não se compadece com o conformismo e a aposta na gestão do dia-a-dia. Ainda vale a pena viver na Guarda? Claro que sim. Vale sempre a pena ficar para, ainda que modestamente, ajudar a mudar. Estou farto das etéreas discussões de café, onde, juntas ao sabor de outros estimulantes, morrem assim que se dispersam os seres na penumbra.

Não façamos a glorificação de um passado, onde não participámos e sobretudo que não podemos mudar, olhemos para um futuro onde possamos esbater erros, falhas e construamos uma cidade mais participada em cada bairro, com a vida, a cor e o orgulho das idiossincrasias da matriz rural que caracteriza a nossa cidade.

Uma cidade que afaste a tentação pacóvia da imitação do que é feito noutros descaracterizados sítios e aposte sem medo no que a diferencia e a torna única, mas apostada o necessário planeamento urbanístico. A aposta urge, com a discussão fora dos momentos eleitorais.

Por: Honorato Robalo

* Dirigente da Direção da Organização Regional da Guarda do PCP

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