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Apeteceu-me

Bilhete Postal

Escrevo um artigo machista e nada no contexto moderno. “Quero-te de modo físico. Desejo-te como os bichos se procuram. Não estou interessado na conversa porque é uma atração física, é uma procura de apetites. Espero que me olhes do mesmo modo guloso, espero que me provoques e te insinues. Eu quero tanto, que por mim está tudo encaminhado. Escolhi o verbo criteriosamente. A terra também, na Foz do Minho, em Caminha. Marquei um hotel onde passaremos horas malandras, onde nos enrolaremos sem pudores e sem cuidados. Sou deste pecado maior, sou hétero e não tenho vergonha, sou homem e gosto do corpo das mulheres. Atraem-me como se aproximam os animais. Parece estúpido mas neste tema sinto-me um cão quando as fêmeas enchem de perfume o ar. Uivo de modo tonto, sorrio como um tolo. Não me desculpem porque não pedi desculpa a ninguém por ser assim e não se incomodem a educar-me porque isto é matéria primitiva, é coisa de períneo e não tem nada para explicar. Também não te vou mentir, nem a ti nem em casa. Eu desejo-te e não te prometo o céu nem te quero dar inferno. Quero-te visitar em desalinho, quero ver-te excitada comigo, quero que não seja para sempre e quero saborear aquele tempo como se morrêssemos amanhã. Sou hetero e desejo-te. És agora a mulher que me apetece. Apeteces-me. Não te incomodes a responder – vais lá ter ou não! Ponto! Aqui não há estudos nem pensamentos, é um animal que se levanta, é uma sinceridade do homem que tenho em mim”. É o discurso travesso contra o “politicamente correto” que me retira verdade, me causa silêncio. Apetece-me falar e dizer-te que me apeteces.

Por: Diogo Cabrita

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