Aquela coisa linda que é o antúrio, não é uma flor. Flor é o local onde se encontra o órgão sexual das plantas e eles no antúrio são minúsculos, sendo inflorescência o que ela nos mostra. A espiga e a bráctea dão-lhe aquela imagem inconfundível, uma aberta e outra de pé. De facto toda aquela exibição de pujança, de erecção é apenas um chamariz para os polinizadores virem receber a informação que lhes compete espalhar. A inflorecência é o lugar onde estão as flores do antúrio. Devo confessar que o antúrio é a mais bela das imagens do desejo e desculpem-me os leitores entendidos mas o que devo dizer não se compadece com a linguagem técnica. Antúrio é a flor que devíamos dar a quem desejamos. É a imagem da erecta vontade dos homens e por isso uma revolução séria nunca podia ter rosas ou cravos, devia fazer-se desta inflorescência. Afinal é desta força, é deste viagra que se faz a reprodução, é desta vontade que se mantém a espécie. Há antúrios enormes que podiam ter sido espalhados em Abril, há antúrios gigantescos que devíamos dar às mulheres que desejamos em segredo. Não era preciso a net ou recados, era dar-lhes com uma daquela inflorescências e de preferência não fazer publicidade enganosa, dando a espádice na proporção do tamanho real e a bráctea em relação com o desejo sentido.
Por: Diogo Cabrita