Arquivo

António Fidalgo quer atrair e fixar jovens na região

Novo reitor da UBI tenciona promover «estreita colaboração» com os Politécnicos da Guarda e Castelo Branco

A acentuada quebra na natalidade e a consequente redução do número de alunos em todos os graus de ensino foi uma das temáticas mais destacadas por António Fidalgo no discurso de tomada de posse como reitor da Universidade da Beira Interior (UBI). A cerimónia teve lugar na última quinta-feira.

O sucessor de João Queiroz salientou que este ano vão nascer em Portugal menos 50 por cento de bebés que em 1980, o implica «consequências na população escolar e no número de estudantes que se inscrevem no ensino superior», numa diminuição que, no seu entender, «tenderá a agravar-se fortemente a médio prazo». O professor estimou por isso que o «contínuo declínio demográfico não deixará de se sentir nas próximas décadas», sustentando ser necessário inverter esta tendência: «A região precisa de gente nova, de alunos para os vários ciclos de estudos, de empregos para manter os jovens naturais da região e atrair jovens de outras partes do país e do mundo, e precisa de um estado espírito de que o nosso lugar é aqui e de que a Beira Interior é uma terra onde se vive bem no presente e que oferece boas possibilidades para filhos e netos», declarou.

António Fidalgo defendeu que a criação de emprego é «imprescindível para fixar e atrair pessoas», afirmando que a Beira Interior «tem de se tornar uma região propícia à natalidade e à fixação de pessoas» porque «a sua sustentabilidade disso depende». O novo reitor acrescentou que a UBI e os Politécnicos da Guarda e Castelo Branco são «veículos privilegiados da ligação da região ao mundo e a sustentabilidade económica e social da região depende muito deles». Nesse sentido, o docente considerou ser «necessário que todos os autarcas e demais protagonistas políticos e sociais da região tenham bem consciência da importância das suas instituições de ensino superior para a atração de investimento, para a criação de emprego e para a vitalidade económica e demográfica dos seus concelhos». Neste particular, o reitor disse não compreender «como uma autarquia pode encarar as taxas de água e saneamento aplicáveis a uma instituição de ensino superior como geradoras de boa receita, certa e permanente, para cobrir despesas ou dívidas do município».

António Fidalgo vincou que o Data Center da PT na Covilhã e o Centro de Serviços da Altran no Fundão são «bons exemplos» de investimentos em áreas inovadoras e geradores de emprego e que «necessitam da vizinhança de instituições de ensino superior com qualidade na investigação e no ensino». Na sua opinião, uma população «jovem e qualificada é o melhor atrativo para a captação de investimentos geradores de riqueza e de emprego», alertando para as vantagens do trabalho em conjunto: «As autarquias não podem ser mini-feudos que se esgotam em rivalidades bairristas de alecrim e manjerona. Ou nos unimos todos para tornar a região mais forte ou iremos perdendo crescente e inexoravelmente a força económica e política que ainda nos resta», avisou. António Fidalgo salientou que a UBI «não pode comprometer-se seriamente com a região sem uma estreita colaboração com os Politécnicos da Guarda e Castelo Branco», até porque «há áreas em que nos complementamos e outras em que podemos reforçar-nos». Por isso, cabe às instituições «vencer preconceitos, dar as mãos e, em colaboração com outras entidades, promover a recuperação do interior», prometendo uma «plataforma de diálogo franca e permanente para unirmos esforços face aos desafios da reorganização iminente».

Por seu turno, o antigo reitor sublinhou que «a importância e o alcance das conquistas dos últimos quatro anos recompensam largamente todo o esforço despendido em alcançá-las». À nova equipa reitoral, João Queiroz desejou «as maiores felicidades e os maiores sucessos», comprometendo-agora a ser «mais professor e melhor investigador» depois de ter desempenhado o cargo de reitor com «satisfação e orgulho». Tomaram ainda posse os vice-reitores Mário Raposo, António Cardoso e Paulo Moniz, bem como a pró-reitora Isabel Cunha. O também vice-reitor João Canavilhas não foi empossado por se encontrar no estrangeiro por motivos profissionais.

Ensino Superior «tem de acompanhar esforço do país»

Presente na cerimónia, o secretário de Estado do Ensino Superior afirmou que «o país atravessa um período difícil e o ensino superior tem de acompanhar esse esforço».

José Ferreira Gomes frisou que a verba inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2014, e «já comunicada às instituições», contempla uma redução de 1,4 por cento de transferências, mas ressalvou que «é preciso contar com os imponderáveis». «O Governo tinha feito um certo plano que, como se sabe, foi alterado pela decisão [anterior] do Tribunal Constitucional. Agora, [o Governo] vai ter de refazer os planos e o país, em todas as áreas, terá de fazer sacrifícios», justificou. A intervenção de António Fidalgo ficou marcada pelo protesto de uma dezena de alunos, que empunharam cartazes de protesto durante cerca de dez minutos e de seguida abandonaram a sala. Os estudantes explicaram depois que foi uma forma de se mostrarem solidários com a Associação Académica que, em comunicado, informou que não estaria presente na sessão por ter sido convidada com menos de 24 horas de antecedência, ao contrário de outros convidados. António Fidalgo disse não se ter apercebido dos protestos.

Ricardo Cordeiro António Fidalgo mostrou-se preocupado com a redução do número de nascimentos

Sobre o autor

Leave a Reply